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quarta-feira, abril 24, 2024

A Saga da Duplicação da BR-116

Por Fábia Richter – Enfermeira e Gestora*

Ver a BR – 116 Sul duplicada é um sonho para toda região Macro Sul do Brasil. Passando a Ponte do Guaíba (que, aliás, já está pronta), todas as pessoas sentem e sofrem o impacto direto ou indireto da ausência da duplicação. Para mim, sempre o maior prejuízo é o das vidas perdidas e da lacuna deixada em centenas de famílias. 

Em 2014, quando eu estava Prefeita de Cristal (no segundo ano do primeiro mandato), vimos uma força gigantesca invadir as imediações da BR-116. Com todo o impulso, a duplicação começou. Em Cristal, o impacto foi violento. Muitas casas foram alugadas, empresas se alocando e empregando (empregos diretos e indiretos). Como, por exemplo, a alimentação para os funcionários das empresas, contratos valendo, orçamento o suficiente para manter o primeiro ano da obra. 

Este cenário foi, ao longo de todos os quilômetros, dividido em lotes. Com o tempo, chegou a notícia para 2015 de que precisaríamos articular para termos recursos no orçamento. Assim, as dificuldades começaram a surgir. A mobilização diminuiu, pessoas que vieram, até mesmo de outros estados, ficaram nas cidades, sem emprego e passando por dificuldades. Atividades que haviam começado e que prejudicavam os acessos de propriedades, negócios e de pessoas, também pararam, o que causou prejuízos pontuais, mas de impacto social relevante. 

Foi então que nos unimos em um grande movimento! Iniciativa privada, poder público, todas as forças vivas atuantes ao largo da BR – 116 foram se juntando. Faltava orçamento, problemas administrativos de contratos e abandonos dos lotes pelos contratados. A obra parada em alguns lotes, em outros andando muito devagar. 

Até que surgiu no movimento a dor das perdas! O sentimento impagável de quem perde uma pessoa por colisão frontal! As famílias não conseguindo se despedir e sentindo uma dor imensurável dentro de si!! Infelizmente, vimos a obra andar quando essa dor foi externada pelo relato das pessoas e pela mídia. 

Hoje, a duplicação ainda não terminou! Lotes ainda estão parados e as pessoas ainda morrendo! Falta orçamento, mas também falta fazer vencer os obstáculos administrativos. Os lotes 5 e 6, onde três pessoas perderam suas vidas nos últimos dias, faltam somente questões administrativas para serem terminados. Assinar a ordem de início e licitar. Vamos esperar até quando? 

*Enfermeira Fábia Richter – Prefeita de Cristal de 2013 a 2020. Foi Presidente da Associação dos Prefeitos da CostaDoce, Presidente do Consórcio Intermunicipal CentroSul e da Diretoria da Famurs.

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