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quinta-feira, abril 25, 2024

Após a China, agora Estados Unidos querem impedir a importação de carne bovina do Brasil

Os casos atípicos de vaca louca registrados em Mato Grosso e Minas Gerais no mês de setembro ainda impactam o comercio de carne do país com antigos parceiros comerciais.

O motivo alegado pela NCBA, federação dos produtores norte-americanos, é a falta de compromisso do Brasil em comunicar rapidamente problemas sanitários à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). Algumas associações querem impedir a importação do produto “in natura”, já outras querem um bloqueio de todas as carnes.

O senador dos EUA, Jon Tester, apresentou um projeto de lei nesta quinta-feira para suspender as importações de carne bovina brasileira para os Estados Unidos e pediu que especialistas revisassem “a segurança de commodities” após relatos na imprensa sobre o Brasil ter atrasado a comunicação de dois casos da doença da vaca louca. O projeto de Tester, que é democrata de Montana, segue pressões políticas de produtores de gado dos EUA que estão pedindo a suspensão de importações de carne bovina fresca brasileira devido a questões sobre quais processos o Brasil utiliza para detectar doenças animais e outras possíveis ameaças de alimentos para consumidores.

O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, suspendeu as exportações para seu principal parceiro, a China, após a confirmação, no início de setembro, de dois casos “atípicos” da doença da vaca louca – ou encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – em duas unidades distintas domésticas. Mas os casos foram detectados originalmente em junho, bem antes de serem reportados para parceiros comerciais na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), de acordo com uma carta enviada no dia 12 de novembro pela Associação Nacional de Produtores de Carne para o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

O USDA, que regula importações de carne para os Estados Unidos, não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários. Os Estados Unidos importaram 62,3 milhões de dólares de carne bovina e produtos de carne bovina do Brasil nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 36% em relação ao mesmo período um ano antes, de acordo com dados comerciais norte-americanos. Em volume total, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de importações de carne bovina e produtos para os EUA no período, atrás apenas do México.

Esta semana está sendo um período de avaliações desse setor pelo mundo. Foram divulgados relatórios do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) e do Rabobank, e o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) promoveu discussões com participação do Ministério da Agricultura, da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

As avaliações são de que 2022 poderá ser um período mais normal do que foi este ano, deteriorado pela pandemia, trava chinesa nas importações e redução na oferta de animais para abate.

O cenário para os produtores, porém, será de custos mais elevados no próximo ano e de necessidade de melhor gestão. Para os consumidores, as notícias também não são boas. Os preços podem estabilizar, mas não voltam aos patamares de há dois anos, quando eram menores.

(Informações Folha de São Paulo adicional de Leah Douglas, em Washington).

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Redação CLICR
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