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sexta-feira, março 29, 2024

Casa Alencastro: 40 anos de história em Tapes

Dona Edi em sua tradicional loja Casa Alencastro

Comprar com qualidade, preço baixo e bom atendimento, é o que todos desejam. E é por isso que a Casa Alencastro existe há 40 anos e faz parte da história de Tapes, oferecendo uma grande variedade em produtos de utilidade em geral.

O longo tempo em atividade faz da Casa Alencastro servir de espelho aos lojistas e empreendedores mais jovens que enfrentam desafios constantes, principalmente neste 2020.

Para conhecer um pouco desta grande história o jornal Regional conversou com a proprietária Santa Edith Alencastro, de 70 anos, a dona “Edi”, como também é conhecida.
A Casa Alencastro foi inaugurada em 1980. Lá se vão 40 anos em atividade no mesmo endereço desde que dona Edi aceitou um desafio proposto pelo seu ex-marido, o de abrir uma loja na cidade .

Dona Edi diz que não existe segredo para manter uma loja há tanto tempo de portas abertas, mas sim o gosto pelo que faz, além é claro de muita persistência. “Gosto de estar aqui trabalhando. Poderia estar no conforto de minha casa pois já estou aposentada. Mas estar aqui conversando com os clientes e arrumando as mercadorias me traz satisfação e alegria”, confessou ela, que também é conhecida pelo seu carisma e habitual bom humor.

A lojista lembra que o comércio em geral, principalmente os pequenos negócios, estão enfrentando tempos desafiadores e com mais adversidades, não só pela pandemia, mas sim pelas diversas normas impostas pelos governos. “Pros grandes negócios vai ficar bom, mas pros pequenos que tem muitas despesas o momento é complicado e requer muito planejamento”, aconselha ela.

Dona Edi relembrou um destes momentos difíceis, quando nos anos 90, o país passava por uma grave crise econômica, com inflação que superava os 84% ao mês, e o governo do então presidente da república Fernando Collor de Mello decidiu confiscar o dinheiro das poupanças dos brasileiros.

“Foi uma época difícil. Chegamos a perder um outro prédio que tínhamos para pagar os títulos. Imagina, logo quando abrimos, na década de 80, um salário mínimo mal dava pra comprar uma calça jeans”, recordou.

Outro momento conturbado foi na época que o País mudou a moeda, o cruzeiro. “Era uma confusão só. Tínhamos que a cada dia ver o valor atual da moeda para poder dar preço ao produto”, lembrou.

Quem frequenta a Casa Alencastro sabe que um dos seus atrativos é a variedade de produtos. Dona Edi diz que gosta de manter a loja recheada de produtos, mas que teve que controlar sua mania de comprar. “Sempre gostei de comprar muito para manter a loja cheia, com muita variedade. Mas ao longo dos anos tive que mudar esta mania. Fui aconselhada por minhas funcionárias a diminuir as compras”, contou a lojista, que agradece suas ex-funcionárias pelos conselhos.

Dona Edi também contou que notou ao longo de estes anos o sumiço de produtos nacionais nas feiras. “Antigamente eu tinha vários fornecedores, a maioria fabricantes gaúchos. Agora infelizmente a indústria gaúcha desapareceu, restaram pouquíssimos. Os produtos são na maioria fabricados na China”, lamentou ela.

Falando do momento conturbado que a maioria dos lojistas estão enfrentando em decorrência da pandemia do Coronavírus, Dona Edi admite que este cenário tem sido um dos mais desafiadores de todos os que já superou. Em todos estes anos a loja nunca havia ficado fechada, contudo, atualmente ela optou por manter o atendimento somente no turno da tarde.  “Este ano sem dúvida está sendo complicado, contudo como eu já estava mais preparada, mais equilibrada, a loja não vem sofrendo tanto”, comentou ela se referindo as finanças.

Foram muitas as colaboradoras que já trabalharam na Casa Alencastro, tantas que ela nem lembra do número exato, mas diz que guarda com carinho recordações de cada uma. “Já tive loja com mais de 20 funcionários. Vivemos momentos de altos e baixos, mas sempre soube me adequar a cada um destes”, frisou.

A clientela de dona Edi não é somente da cidade tapense, mas também vindos de municípios vizinhos, caso de Cerro Grande do Sul e Sentinela do Sul. Esta clientela toda foi sendo conquistada desde que dona Edi, ainda jovem, ajudava seu pai num armazém da família.  “Ajudava meu pai no dia a dia do armazém e também nas entregas no interior, assim fiquei conhecendo muita gente”, contou.

Dona Edi tem um imenso orgulho de ter conseguido pagar os estudos dos seus dois filhos através da renda obtida de sua lojinha. Um é formado em direito e atua em São Paulo e outro é Mestre em Economia do Desenvolvimento pela PUCRS, Economista graduado pela Unisinos  e Doutorando em Economia do Desenvolvimento pela UFRGS.

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Matheus Medeiros
Matheus Medeiros
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