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sábado, março 22, 2025

Guerra na Ucrânia completa 3 anos e pode terminar com um acordo “desfavorável”

A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022 por ordem do presidente russo Vladimir Putin sob o pretexto de uma “operação militar especial”, alcança seu terceiro ano nesta segunda-feira (24.fev.2025). O conflito, que rapidamente escalou para o maior embate militar em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, foi justificado pelo Kremlin como uma medida para “desmilitarizar” e “desnazificar” o país vizinho, além de proteger regiões separatistas como Donetsk e Luhansk.

Diversas tentativas de negociação fracassaram ao longo desses três anos, e a postura dos Estados Unidos na mediação do conflito sofreu uma mudança significativa com a posse de Donald Trump para seu segundo mandato. Diferente de seus antecessores, o republicano optou por um diálogo direto com a Rússia, deixando Ucrânia e aliados europeus à margem das tratativas. Uma reunião entre Trump e Putin pode acontecer ainda este mês, embora a data não tenha sido oficializada.

Especialistas alertam que a influência norte-americana é decisiva para o futuro do conflito. “A Ucrânia depende fortemente do apoio militar e financeiro dos EUA. Sem esse suporte, sua capacidade de resistência se torna extremamente limitada”, analisa Pio Penna Filho, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB). O cientista político Hussein Kalout, pesquisador de Harvard e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), compartilha dessa visão: “Sem o respaldo norte-americano, a Ucrânia não tem como sustentar essa guerra”.

A nova abordagem de Trump

Desde a campanha presidencial de 2024, Trump se comprometeu a encerrar a guerra rapidamente. Durante um debate em 27 de junho do ano passado, ele garantiu que poderia solucionar o conflito antes mesmo de assumir a presidência. Em setembro, reforçou essa promessa em um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, afirmando que possui um “relacionamento muito positivo” com Putin.

Os Estados Unidos iniciaram as negociações sem a presença da Ucrânia e da União Europeia em 18 de fevereiro, quando delegações norte-americanas e russas se encontraram em Riade, na Arábia Saudita. Nesse encontro, ambas as partes concordaram em nomear negociadores para viabilizar um acordo de paz. O presidente ucraniano reagiu com insatisfação, enquanto Trump intensificou suas críticas a Zelensky, chamando-o de “ditador sem eleições” e responsabilizando-o pela “morte desnecessária de milhões de pessoas”.

Europa reage com preocupação

Líderes europeus demonstram desconforto com a ausência do continente nas negociações conduzidas por Washington. Em um discurso na Conferência de Segurança de Munique, entre 14 e 16 de fevereiro, Zelensky defendeu uma maior autonomia da Europa em questões de segurança, argumentando que “as decisões sobre os europeus devem ser tomadas na Europa”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também apresentou planos para fortalecer o setor de defesa do bloco, permitindo um aumento nos investimentos militares sem comprometer os limites fiscais das nações membros. No entanto, alguns analistas veem com ceticismo a capacidade da Europa de substituir o papel dos EUA na defesa ucraniana. “Não é simples para a União Europeia assumir essa responsabilidade”, pondera Pio Penna Filho. Hussein Kalout acrescenta que, apesar da insatisfação europeia, “a pressão econômica dos EUA pode acabar se sobrepondo a qualquer tentativa de resistência”.

Diante da crescente inquietação no continente, o presidente francês Emmanuel Macron buscará, nesta segunda-feira (24.fev), persuadir Trump a reconsiderar sua estratégia. Em visita a Washington, Macron pretende destacar que a exclusão da Europa das negociações pode fragilizar a posição global dos EUA, especialmente frente a potências como a China. Apesar disso, a influência de Trump no desfecho da guerra segue como um fator decisivo para os rumos da segurança internacional.

Em resumo:

A parte desfavorável desse acordo seria a exclusão da Ucrânia e da União Europeia das negociações, deixando o destino do conflito nas mãos dos EUA e da Rússia. Isso poderia resultar em um acordo frágil, no qual Kiev teria pouca influência sobre os termos da paz, possivelmente cedendo territórios ou aceitando condições impostas por Moscou. Além disso, a retirada do apoio militar e financeiro dos EUA enfraqueceria a posição da Ucrânia, forçando-a a aceitar termos menos favoráveis. Para os europeus, essa abordagem poderia comprometer a segurança do continente e reduzir sua autonomia estratégica.

Veja um cronograma da guerra desde o começo:

Fonte da imagem: Poder360.

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