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sexta-feira, novembro 29, 2024
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Nova sinalização de trânsito é feita em ruas do centro de Camaquã

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Na terça-feira (05/03), a Prefeitura de Camaquã, através da Divisão de Trânsito, finalizou a pintura de chão da sinalização de trânsito de diversas vias asfaltadas no centro da cidade. Os trabalhos foram conduzidos pela empresa terceirizada especializada na área, HD Soluções.

As equipes atuaram na pintura das faixas de pedestres em pontos ao longo da via. A estrada também recebeu a pintura das faixas de pedestres, as linhas de eixo central, as linhas de eixo de bordo/lateral e, também, a sinalização de pare.

A empresa terceirizada trabalhou, principalmente, na Rua Acindino Inácio Dias e na Rua Crescêncio Souza e iniciou os trabalhos de sinalização de trânsito hoje (06/03) na Rua Júlio de Castilhos.

Energia elétrica estável no meio rural é um direito da agricultura familiar

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A Fetag-RS, representada por sua secretária-geral Jaciara Muller, participou na terça-feira (05/3) de uma Audiência Pública da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa, que teve como proponente o deputado estadual Elton Weber, com o tema Capacidade Operacional das Concessionárias de Energia Elétrica.

A necessidade por energia elétrica de qualidade no meio rural não é nova, porém, nos últimos anos devido aos eventos climáticos adversos, os problemas com abastecimento têm se intensificado.

Agricultores de diversas partes do Estado reclamam constantemente da qualidade do serviço prestado, principalmente quando há queda no abastecimento devido a temporais. Há relatos de que foram necessários dias para que o serviço fosse reestabelecido. Na audiência de hoje, as principais concessionárias que atendem o Rio Grande do Sul apresentaram o que está sendo feito para prevenir problemas, tais como investimentos nas trocas de postes, manutenção periódicas nas redes e incrementos de tecnologias para o religamento do sistema.

A secretária-geral da Fetag-RS, Jaciara Muller, deixou clara a insatisfação da Fetag-RS e dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais com o fornecimento de energia no meio rural. “Eventos climáticos que afetam o abastecimento podem acontecer, o que não podemos aceitar é que famílias fiquem sem energia por dias, como já aconteceu recentemente. Além de afetar a qualidade de vida das pessoas, prejudica muito a produção das famílias, pois as atividades dependem da energia elétrica”.

Como encaminhamentos, foi definida a criação de dois grupos de trabalho que tratarão sobre medidas preventivas e outro para discutir formas de ressarcimento de perdas.

 

Não é de hoje que Fetag-RS alerta para o problema da energia elétrica no meio rural, não apenas de quedas no abastecimento, mas também da qualidade e da capacidade que é entregue para os produtores. São diversos os relatos de pessoas que têm sua produção limitada por causa do serviço prestado pelas prestadoras.

 

Também participaram da audiência representantes das Regionais Sindicais Vale do Caí, Vale do Rio Pardo, Litoral, Serra, Santa Maria e Passo Fundo, órgãos de governo, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública e das concessionárias RGE e CEEE Equatorial.

Consultas odontológicas gratuitas em Barra do Ribeiro

A ação da prefeitura em conjunto com o SENAR e SESI vai até a próxima segunda-feira (11/03)

A Prefeitura Municipal de Barra do Ribeiro, por meio da Secretaria da Saúde e em parceria com o SENAR e SESI, traz uma importante iniciativa para a comunidade da cidade.

Até a próxima segunda-feira, estará realizando uma ação em conjunto com o SENAR e SESI, disponibilizando em frente ao Pronto Atendimento da cidade uma unidade móvel do SESI com consultas odontológicas gratuitas.

Essa é uma oportunidade imperdível para cuidar da saúde bucal de forma acessível e de qualidade. Não deixe de aproveitar.

Entre em contato com a secretaria de saúde e agende sua consulta:  (51) 34822103

Informações ASCOM: Prefeitura Municipal de Barra do Ribeiro 

POLÍCIA CIVIL RECUPERA OBJETOS FURTADOS EM CERRO GRANDE DO SUL

Na data e hoje (06/03/24) agentes da Polícia Civil, por meio da Delegacia de Cerro Grande do Sul, realizaram diligências na Zona Rural, ocasião em que recuperaram uma TV e outros objetos furtados no dia 04/03.

Uma mulher de 66 anos, suspeita de receptação, foi conduzida até a Delegacia.

O furto ocorreu no dia 04/03/2024, na zona rural, na cidade de Cerro Grande do Sul.

O autor do crime já foi identificado e as investigações seguem sob responsabilidade da Delegacia local.

Agentes de Endemias de Arambaré se aperfeiçoam no combate ao Aedes Aegypti

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Nos dias 4 e 5 de março nossos Agentes de Endemias estiveram em curso de capacitação para atualizar as formas de enfrentamento de combate ao Aedes Aegypti.

Uma das novas estratégias é a Ovitrampa que faz o monitoramento entomológico do Aedes aegypti.

E os agentes foram treinados pra aplicação da nova estratégia BRI( borrifação residual intradomiciliar), técnica que é usada em casos especiais e quando há necessidade. O treinamento foi feito com água, por isso estão sem EPI.

ASCOM: Secretaria de Saúde Arambaré

Ação de Saúde no Mercado Público de Tapes

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Na manhã desta quarta-feira, 06 de março, foi realizado uma nova edição da Ação Especial de Saúde no Mercado Público de Tapes, desta vez em alusão ao Dia Internacional das Mulheres, celebrado no dia 08 de março.

Durante a manhã, uma equipe de profissionais da Secretaria Municipal de Saúde ofertou serviços de saúde aos feirantes e clientes, incluindo testes rápidos de hepatites B e C, sífilis e HIV, aferição de pressão arterial, agendamento de exames e informações sobre a prevenção ao câncer de mama.

Ao total, foram registrados 58 atendimentos durante a manhã.

A ação foi uma iniciativa do Mercado Público de Tapes, com apoio da Secretaria Municipal da Saúde.

ASCOM: Prefeitura Municipal de Tapes

Deputado Marcus Vinícius entrega emenda parlamentar a Mariana Pimentel

Durante ato solene na Câmara de Vereadores de Mariana Pimentel, na última sexta-feira (01), o deputado estadual Marcus Vinícius de Almeida (PP) oficializou a entrega de uma emenda parlamentar de seu mandato, no valor de 50 mil reais, para custeio em saúde para o município.

 

Ao lado do prefeito em exercício Betinho, de vereadores e lideranças, o parlamentar reforçou seu compromisso com o município e a Costa Doce. “É mais investimentos para nossa região. Eis a importância da Costa Doce ter uma voz nas tomadas de decisões. Agradeço a confiança da comunidade e espero continuar, com muito trabalho, auxiliando o município em suas demandas”, ressaltou.

Obras do acesso asfáltico da ERS-711 que compreende Barão do Triunfo e Mariana Pimentel devem iniciar em breve

Estado investe R$ 71,3 milhões em mais dois acessos municipais.

Em solenidade no Palácio Piratini, nesta quarta-feira (6/3), o governador Eduardo Leite e o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, assinaram as ordens de início para obras de acesso asfáltico aos municípios de Novo Tiradentes e Barão do Triunfo. Os investimentos fazem parte do Plano de Obras do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e somam R$ 71,3 milhões para as duas obras.

A ERS-325, entre Pinhal e Novo Tiradentes, vai receber 7,84 quilômetros de pavimentação asfáltica, com investimento previsto de R$ 21,3 milhões. Já em Barão do Triunfo, serão investidos R$ 50 milhões em um trecho de 20,4 quilômetros da ERS-711 que liga o município a Mariana Pimentel. Serão realizados serviços de terraplenagem, drenagem e pavimentação asfáltica, além de obras complementares e das chamadas obras-de-arte corrente, como construção de bueiros, pontilhões, muros de arrimos, entre outras.

Leite lembrou que a possibilidade que o Estado tem hoje de apresentar e entregar obras, melhorando a vida da população, se dá pela capacidade de manter o equilíbrio fiscal das contas..

“Estes investimentos que apresentamos hoje são exemplos de que algumas medidas necessárias tomadas, que muitas vezes parecem duras ou antipáticas, não são simplesmente para termos um balanço contábil positivo no final do mês. Fazemos o que é necessário para que haja espaço para investir, com recursos do próprio Estado, sem recorrer a financiamentos. Então, precisamos manter o equilíbrio das contas, porque, sem isso, as obras não saem”, explicou Leite.

Leite em pé falando ao microfone. Mais à direita está a plateia. Podem ser vistos três homens sentados e uma mulher em pé. Mais a esquerda da imagem há uma enorme tela onde se lê: Plano de obras do Daer 2024.
Leite lembrou que o Estado tem hoje a capacidade de apresentar e entregar obras graças ao equilíbrio das contas públicas – Foto: Gustavo Mansur/Secom

O governador apresentou também um balanço mostrando como avançaram obras semelhantes às que serão iniciadas. Em 2019, 62 municípios não possuíam acessos pavimentados. Desse total, 17 obras já foram concluídas, 23 estão em fase de execução, 11 devem ser iniciadas em breve e outras 11 estão em fase de projeto. Os números indicam que, nos últimos seis anos, R$ 294,7 milhões foram destinados a melhorias em acessos municipais do Estado.

O secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, disse ter sido importante a participação e a persistência dos prefeitos na busca por melhorias para os municípios. Ele destacou que há, no caso, o trabalho de diversas pessoas empenhadas.

“É importante que os prefeitos saiam daqui hoje levando mais um acesso municipal para as suas regiões. Isso não é uma obra de uma pessoa específica, é uma luta do município, auxiliado pelo Estado. Também preciso ressaltar que iniciamos essas obras com data para entregá-las, dando a certeza para a população de que algo realmente vai acontecer”, disse Costella.

Para o prefeito de Barão do Triunfo, Elomar Kologeski, iniciar uma obra de grande vulto como a que será feita é, além de uma boa notícia para a população, um motivo de orgulho e satisfação para a administração. Ele também destacou o apoio recebido para que fosse possível chegar até a assinatura da ordem de início.

Foto: Divulgação

Texto: Thales Moreira/Secom
Edição: Rodrigo Toledo França/Secom

Expansão da Meliponicultura em Dom Feliciano

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Em um levantamento realizado no município de Dom Feliciano no ano de 2014, foi constatado que não havia a presença de abelhas da espécie Jataí (Tetragonisca angustula) nas localidades pesquisadas, mas foram encontradas outras, como a Tubuna (Scaptotrigona bipunctata) e Mirim (Plebeia remota e Plebeia nigriceps). O extensionista rural da Emater/RS-Ascar Eduardo Franz de Mesquita explica que “a abelha Jataí é uma espécie que deveria ser encontrada em todo o Rio Grande do Sul e, diante da verificação da extinção dela no município, foi realizado um trabalho de reintrodução da espécie na natureza, através do Escritório Municipal da Emater”, explicou.

Foram distribuídas seis caixas com colmeias de abelhas Jataí em localidades diferentes e distantes umas das outras. Durante o processo de reinserção da espécie nas propriedades escolhidas, foram realizadas oficinas, dias de campo e visitas técnicas para suporte aos produtores e trabalho de orientação prática e manejo adequado a cada espécie, bem como a conscientização sobre a importância das abelhas nativas, com ênfase na necessidade de deixá-las nidificar (aninhar-se) naturalmente no meio ambiente.

O Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar tem incentivado a criação de abelhas nativas através de oficinas, cursos e divulgação em feiras locais para que a população as conheça e preserve-as, pois ao longo da reintrodução das abelhas Jataí, elas se nidificaram e espalharam-se pelo município, hoje podendo ser encontradas em diversos locais, inclusive na área urbana.

“Atualmente, muitas pessoas procuram a Emater para orientações sobre as abelhas nativas, visto que já existem produtores legalizados no município gerando renda com a prática”, explica Mesquita. Ele também afirma que, além da assessoria técnica de criação e manejo, existe um trabalho de educação ambiental sendo realizado para que a população, de modo geral, tenha conhecimento sobre o valor dessas espécies.

A Meliponicultura é a atividade que trata da criação das abelhas sem ferrão, também conhecidas como abelhas indígenas, nativas ou melíponas. No Brasil, elas habitam vários biomas com mais de 300 espécies catalogadas, tendo sua importância destacada na produção e comercialização das colmeias, produção do mel e principalmente na polinização, visto que são um dos principais agentes polinizadores responsáveis pela manutenção da biodiversidade.

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional Porto Alegre

Jornalista Carine Massierer

Saiba como cada ministro do STF votou sobre porte de drogas até agora

Corte retoma hoje julgamento iniciado em 2015.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tem na pauta desta quarta-feira (6) a retomada do julgamento que pode resultar na descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal. Com votação iniciada em 2015 e placar de 5 a 1 favorável a algum tipo de flexibilização, o tema aguarda há 9 anos por um desfecho.

No caso concreto, os ministros julgam um recurso contra uma decisão da Justiça de São Paulo, que manteve a condenação de um homem flagrado com 3 gramas de maconha. Ele foi enquadrado no Artigo 28 da Lei das Drogas (Lei 13.343/06), segundo o qual incorre em crime quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo” droga ilícita para consumo pessoal.

As penas são brandas e incluem advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços comunitários e outras medidas educativas. No Supremo, contudo, a controvérsia envolve saber se o usuário causa, de fato, algum tipo de dano à sociedade ao consumir substância ilícita, para que tal ato possa ser enquadrado como crime.

Outro ponto em debate é saber em que medida o Estado pode interferir na opção feita por alguém de consumir uma substância, seja lícita ou ilícita, sem ferir os princípios da intimidade e do direito a ter uma vida privada. De modo preliminar, os ministros respondem também a questão se cabe ao Supremo deliberar sobre o assunto, ou se isso seria tarefa apenas do Congresso.

O julgamento é o primeiro item da pauta do plenário desta quarta-feira, na sessão marcada para as 14h. O caso será retomado com o voto do ministro André Mendonça, que pediu vista (mais tempo de análise) na retomada do julgamento anterior, em agosto do ano passado.

O recurso em julgamento tem repercussão geral. Isso significa que, ao final, o plenário do Supremo deverá estabelecer uma tese que servirá de parâmetro para todos os casos semelhantes na Justiça.

Descriminalização X legalização

Brasília (DF), 19/12/2023 - O ministro do STF, Gilmar Mendes, durante sessão de encerramento do Ano Judiciário. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ministro do STF Gilmar Mendes, relator da ação sobre a descriminalização da maconha – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, a conduta do usuário de drogas não é crime. Por seu voto, proferido há cerca de 8 anos, o consumo de qualquer substância é uma decisão privada, e eventual dano causado recai sobretudo sobre a saúde do próprio usuário. “Está-se a desrespeitar a decisão da pessoa de colocar em risco a própria saúde”, argumenta.

Gilmar Mendes sustenta que criminalizar a conduta do consumidor de drogas resulta em estigmatização, o que prejudica os esforços de redução de danos e prevenção de riscos preconizados pelo próprio Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas.

Ao fundamentar sua decisão, o relator se valeu da tradição doutrinária alemã, e concluiu ser dever do Supremo ajustar a proporcionalidade de normas penais que tratem de danos abstratos, como é o dano contra a saúde pública supostamente praticado pelo usuário de drogas. Nesse caso, ao criminalizar a conduta, o legislador teria sido desproporcional, extrapolando suas atribuições, disse o ministro, o que justificaria a intervenção da Corte.

O relator se empenhou ainda em argumentar a diferença entre descriminalizar o consumo e legalizar drogas ilícitas. Legalizar, frisou Mendes, é um processo legislativo autorizador e regulador do consumo, nos moldes do que foi feito em países como o Uruguai e em alguns estados dos Estados Unidos.

“Quando se cogita, portanto, do deslocamento da política de drogas do campo penal para o da saúde pública, está se tratando, em última análise, da conjugação de processos de descriminalização com políticas de redução e de prevenção de danos, e não de legalização pura e simples de determinadas drogas”, afirma.

Na retomada mais recente do caso, o relator decidiu recuar um pouco em seu voto, de modo a descriminalizar o porte somente em relação à maconha.

Autocontenção

ministro Edson Fachin também votou na linha de Gilmar Mendes, concordando que o consumo de drogas faz parte da autodeterminação individual, que “corresponde a uma esfera de privacidade, intimidade e liberdade imune à interferência do Estado”.

Dizer que usar drogas é crime seria uma atitude estatal moralista e paternalista, argumentou Fachin.

Brasília (DF), 05/10/2023 - O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, participa do seminário 35 anos da Constituição Federal, no STF. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ministro Edson Fachin votou com o relator pela descriminalização da maconha – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro, contudo, ressalvou que o tema é “hipercomplexo”, havendo “ausência de resposta perfeita”. Fachin frisou ainda que o caso concreto em julgamento trata do porte de maconha, e que, por dever de autocontenção, a decisão do Supremo de descriminalizar o porte de drogas para consumo pessoal deve se ater apenas a essa droga.

Fachin destacou que, a seu ver, o porte de drogas para consumo próprio não causa, em si, dano a bem alheio. “São somente condutas derivadas desse consumo que resultam em tais danos – como o furto para sustentar o vício. Tais condutas derivadas, porém, já são previstas como crime por outros dispositivos penais, não sendo necessário criminalizar o porte de drogas para consumo próprio”, concluiu o ministro em seu voto.

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, seguiu a mesma linha de raciocínio, votando pela descriminalização do consumo exclusivamente de maconha, em virtude dos direitos à intimidade e à vida privada garantidos pela Constituição.

Assim como Gilmar Mendes, Barroso frisou que a medida significa dizer que o Estado não tem poder de interferência, ou muito menos de punir, sobre o porte de drogas para consumo pessoal. “Tal afirmativa, porém, não resulta na legalização do consumo de drogas ilícitas, nem mesmo da maconha”, sustentou o ministro.

O ministro Barroso admitiu ser inconsistente descriminalizar o consumo ao mesmo tempo em que a produção e a distribuição de drogas seguem sendo crimes. Ele defendeu, contudo, que caberá ao Legislativo, um dia, equacionar tal inconsistência por meio de eventual legalização. O ministro também citou exemplos, que para ele são bem-sucedidos, como os de Portugal e Uruguai.

“Estamos lidando com um problema para o qual não há solução juridicamente simples nem moralmente barata”, disse.

Quantidade

Brasília, (DF) – 01/02/2024 - O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza sessão solene de abertura do Ano Judiciário de 2024, participa da cerimônia o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.
Presidente do STF,Luís Roberto Barroso, sugeriu a quantidade de até 25 gramas como adequada para diferenciar o porte para consumo do tráfico – Foto Valter Campanato/Agência Brasil

Indo um pouco além, Barroso focou seu voto também nas consequências da criminalização do porte de pequenas quantidades de maconha para os altos índices de encarceramento no Brasil, sobretudo de jovens negros.

Nessa linha, Barroso insistiu ser necessário estabelecer uma quantidade específica para distinguir o usuário do traficante, “pois deixar essa distinção a critério das autoridades, seja policial ou judicial, apenas escancara o racismo presente nas instituições”, argumentou.

Em seu voto, Barroso disse considerar prioridade “impedir que as cadeias fiquem entupidas de jovens pobres e primários, pequenos traficantes, que entram com baixa periculosidade e na prisão começam a cursar a escola do crime, unindo-se a quadrilhas e facções. “Há um genocídio brasileiro de jovens pobres e negros, imersos na violência desse sistema”, alertou.

Valendo-se do exemplo de Portugal, país pioneiro ao ter legalizado o consumo de todas as drogas, em 2011, Barroso sugeriu a quantidade de até 25 gramas como adequada para diferenciar o porte de maconha para consumo ou para o tráfico. Em nome da coerência, já que comprar a droga seguiria sendo crime, o ministro sugeriu a liberação do cultivo de seis plantas fêmeas de maconha.

Esse entendimento foi reforçado no voto do ministro Alexandre de Moraes, que trouxe dados da Associação Brasileira de Jurimetria, segundo os quais 25% dos presos no país respondem pelo crime de tráfico de drogas. Ele sustentou que a maior parte desses presos poderiam ser enquadrados como usuários, se houvesse um critério objetivo. Como não há, vão para cadeia em geral jovens e negros, disse.

Brasília (DF), 24/10/2023 - O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, durante reunião com parlamentares para receber o relatório oficial da CPMI do 8 de Janeiro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes votou favorável à descriminalização da maconha – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“O STF tem o dever de exigir que a lei seja aplicada identicamente a todos, independentemente de etnia, classe social, renda ou idade”, defendeu Moraes. Para diferenciar consumo próprio de tráfico de maconha, o ministro sugere o porte de uma quantidade de 25g a 60g.

Em agosto do ano passado, poucos dias antes de se aposentar, a ministra Rosa Weber votou com o relator, no sentido de descriminalizar o porte de maconha.

“Penso que o STF pode ajudar nessa solução, sem prejuízo na atuação do Congresso. Quem despenalizou para o usuário foi o Congresso, em 2006. Se mantém apenas a criminalização, o Supremo daria um passo no sentido de descriminalizar quando se trata de uso próprio”, disse Weber.

Divergência

O único a divergir, até o momento, foi o ministro Cristiano Zanin. O ministro argumenta que a descriminalização apresenta “problemas jurídicos” e pode agravar o combate às drogas.

“Não tenho dúvida que os usuários de drogas são vítimas do tráfico e das organizações criminosas para exploração ilícita dessas substâncias. A descriminalização, ainda que parcial das drogas, poderá contribuir ainda mais para esse problema de saúde pública”, afirmou.

Apesar de se manifestar contra a descriminalização, Zanin votou para fixar a quantidade de 25 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas de cannabis para configurar a situação de uso pessoal em apreensões policiais.

Brasília, DF 15/09/2023 O ministro Cristiano Zanin fala no seminário Combate à Desinformação e Defesa da Democracia termina nesta sexta-feira (15), no STF. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom
Ministro Cristiano Zanin é contrário à descriminalização da maconha – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Situação no mundo

Ao menos 38 países do mundo promoveram algum tipo de permissão para o porte e o consumo de drogas. Além de Portugal, Uruguai e alguns estados norte-americanos, também adotaram certo grau de liberação países tão diversos como Quirguistão, Espanha e África do Sul.

Um dos movimentos mais recentes para a descriminalização das drogas ocorreu na Alemanha, onde o parlamento aprovou em fevereiro a descriminalização do uso recreativo de maconha, embora a compra da droga esteja submetida a regras rigorosas.

Em parte desses países – como na Argentina, Colômbia e Polônia – a flexibilização para o porte e o consumo de drogas ocorreu por decisão judicial. Em outros – como em estados dos EUA, em Portugal e no Uruguai – foi o Legislativo que atuou para legalizar e estabelecer regras para o porte e o uso de drogas ilícitas.

Países como República Tcheca e Suíça têm regras específicas para maconha, enquanto outros, como a Estônia, flexibilizam o porte de qualquer substância.

Em países como a Holanda, a solução foi processual, sendo uma política oficial das autoridades policiais e de acusação não atuar contra o consumo de pequenas quantidades de drogas.

Há lugares – como em alguns estados da Austrália e na Itália – em que ser flagrado andando com a droga, apesar de não ser crime, resulta em sanções administrativas, como multas e confisco do material. Já na Bolívia e Paraguai, não há sanções previstas.

As origens da liberação, bem como as minúcias legais, variam bastante ao redor do mundo. O estado atual da descriminalização é compilado periodicamente pelo projeto Talking Drugs, mantido pela organização não governamental britânica Release em parceria com a International Drug Policy Consortium, consórcio internacional formado por 194 entidades, em 75 países, dedicado ao tema das drogas.

Edição: Fernando Fraga