A Federação Internacional de Diabetes (IDF) anunciou, na última terça-feira, o reconhecimento oficial de uma nova forma da doença: o diabetes tipo 5, condição diretamente associada à desnutrição e que afeta principalmente adolescentes e jovens adultos em países de baixa e média renda. A notícia representa um avanço importante para a compreensão e o tratamento da enfermidade, até então subdiagnosticada e confundida com os tipos já conhecidos.
Estima-se que entre 20 e 25 milhões de pessoas no mundo vivam com o diabetes tipo 5, com maior incidência em regiões da Ásia e da África, onde a desnutrição ainda é uma realidade persistente. No entanto, o número real pode ser ainda maior, devido à falta de diagnóstico adequado.
Por muitos anos, os casos foram erroneamente classificados como diabetes tipo 1, uma doença autoimune em que o corpo ataca suas próprias células produtoras de insulina. Isso porque os pacientes com tipo 5 costumam ser jovens e magros, o que se assemelha ao perfil clássico do tipo 1. Porém, o tratamento com injeções de insulina — eficaz para o tipo 1 — se mostrou ineficiente e até perigoso, levando a quedas bruscas nos níveis de glicose.
“Esses pacientes também não pareciam ter diabetes tipo 2, que normalmente está associado à obesidade. É muito confuso”, explicou a médica Meredith Hawkins, diretora do Instituto Global de Diabetes da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos, e uma das principais especialistas no estudo da condição.
A virada na compreensão do diabetes tipo 5 ocorreu em 2010, com a criação de um centro dedicado a estudar a doença. Em 2022, um estudo liderado por Hawkins revelou que, ao contrário do que se pensava, os pacientes não tinham resistência à insulina, mas sim um defeito profundo na capacidade de produzi-la.
A origem do distúrbio ainda não está completamente esclarecida, mas estudos apontam que os fatores podem surgir ainda na gestação. Evidências indicam que a desnutrição proteico-calórica em fases iniciais da vida, inclusive no útero, pode afetar o desenvolvimento adequado do pâncreas e, consequentemente, a produção de insulina.
O reconhecimento do diabetes tipo 5 abre novos caminhos para pesquisa, diagnóstico e, principalmente, para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. A expectativa é que, com maior visibilidade e compreensão, seja possível oferecer melhores condições de vida para milhões de pessoas que até então viviam sem o atendimento médico adequado.