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quinta-feira, abril 25, 2024

RS registra aumento nos casos de doenças virais transmitidas por mosquitos

A secretária da saúde, Arita Bergmann, autorizou na última segunda-feira (12/4) a criação do Centro de Operações de Emergências (COE) das arboviroses – dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela, doenças virais transmitidas por mosquitos, principalmente o Aedes Aegypti. Nesta última semana, foram confirmados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) 43 casos de chikungunya no município de São Nicolau, na região Noroeste do Rio Grande Sul. Destes, 13 casos foram contaminados fora do Estado e 30 em território gaúcho (autóctones). Em comparação, durante todo o ano de 2020, no Rio Grande do Sul foram confirmados 12 casos, nenhum autóctone.

Também a dengue teve um aumento de confirmações nos últimos dias, especialmente em municípios das 11ª (Erechim), 12ª (Santo Ângelo), 13ª (Santa Cruz do Sul) e 16ª (Lajeado) Coordenadorias Regionais de Saúde, além de dois óbitos (em Erechim e Santa Cruz do Sul). 97% dos casos registrados este ano são autóctones. Durante a semana, está programada a publicação de um novo boletim epidemiológico divulgando os últimos casos. “Não podemos desconsiderar a gravidade da dengue, da chikungunya e das outras arboviroses por causa da covid. O Estado vive uma segunda epidemia, tão grave quanto à covid”, disse a secretária Arita.

A chefe da Divisão de Vigilância Ambiental, do Cevs, Aline Campos, explicou que muitas ações contra o mosquito Aedes Aegypti foram suspensas ou diminuídas em função da pandemia de covid. Isto pode ter agravado a situação atual dos índices de infestação do inseto, assim como favoreceu diagnósticos tardios. O COE será formado para auxiliar os municípios por meio de capacitações de vigilância, reuniões, sensibilizar a rede de atenção à saúde quanto à vacina da febre amarela, do diagnóstico correto e da notificação oportuna, entre outras ações. Será produzido pela equipe técnica da SES um guia prático aos municípios de como qualificar os serviços e a prevenção destas doenças, agregando sugestões de estratégias bem-sucedidas, integração de outras instituições, comunicação e outas.

Chikungunya
De acordo com a responsável pelo programa das Arboviroses do RS, Cátia Favreto, foram registrados, este ano, 116 notificações de suspeita de chikungunya em São Nicolau, alguns ainda em investigação, o que pode aumentar o número de confirmados nos próximos dias. “Não havia circulação do vírus naquela região, então provavelmente ele chegou ao estado trazido de fora”, explica Cátia.

A febre chikungunya é transmitida pelo mosquito Aedes Aegytpi, mesmo transmissor da dengue. A doença causa dores crônicas nas articulações, que podem levar meses ou anos para desaparecer. As medidas ambientais de controle do mosquito, como mutirão de eliminação de possíveis focos do Aedes, já foram realizadas em São Nicolau e municípios vizinhos. Por este motivo, Cátia acredita que o surto deverá ficar restrito àquele local, o que não exime os outros municípios e toda a população a também realizarem a limpeza frequente de suas casas e pátios, retirando toda a água acumulada de pneus, vasos de plantas, poças, etc. “São exatamente as mesmas medidas que tomamos para evitar a dengue”, ressalta a especialista em saúde.

Febre amarela
A Secretaria da Saúde (SES) reforça a necessidade de todos os moradores do Rio Grande do Sul com idade entre 9 meses e 59 anos se vacinem contra a febre amarela. O vírus está circulando no Estado “provavelmente desde dezembro ou janeiro, vindo de Santa Catarina”, de acordo com o biólogo do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marco Antonio Barreto de Almeida.

O que sinaliza a presença do vírus é encontrar macacos mortos pela doença. “Quando a febre amarela chega a um local, normalmente morrem muitos macacos. A doença tem alta letalidade”, falou Marco Antônio. “Estamos registrando uma grande mortandade de bugios na região da Serra. Foi encontrado um macaco morto positivo para febre amarela pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre na área rural, mas também foram encontradas evidências de animais vivos”, cita Marco Antônio. Ele ressalta que os macacos não transmitem o vírus, apenas os mosquitos. “Devemos nos vacinar e proteger os primatas”, reitera o biólogo.

A chefe da Divisão de Vigilância Ambiental, do Cevs, Aline Campos, disse que “precisamos lançar um olhar para as outras doenças para não perder mais nenhuma vida. A covid já está levando vidas demais”.

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Matheus Medeiros
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