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sexta-feira, dezembro 6, 2024

Traços fósseis são encontrados em Sentinela do Sul

Quem chega no prédio da Prefeitura Municipal de Sentinela do Sul e caminha sob o piso que dá acesso ao órgão municipal nem imagina que pisa em cima de lajotas com traços fósseis de mais de 300 milhões de anos. As lajotas feitas de placas de ardósia adquiridas a mais de 20 anos são oriundas do município de Trombudo Central, município que fica no estado de Santa Catarina.

Esta descoberta dos vestígios foi feita pela servidora pública Maria Angelica Muniz Frosi, que na época em que trabalhava na Prefeitura Municipal percebeu diferentes padrões nas lajotas de acesso ao prédio público. A vontade de saber o que teria moldado tais ranhuras a fez pesquisar sobre a origem das pedras.

Com a ajuda da internet ela começou uma verdadeira mobilização científica para descobrir a origem dos tais traços e já no primeiro contato Maria conversou com o geólogo Dhiego Cunha da Silva, o qual afirmou que estas representações são conhecidas como “icnofósseis”, comuns nas placas de ardósia retiradas de pedreiras de SC.

Segundo o geólogo, o município é foco de diversos estudos que buscam preservar a ação de diversos animais que viveram a milhões de anos atrás. “Diferente dos fósseis corpóreos que são comumente conhecidos, como os clássicos ossos de dinossauros e outros vertebrados, os icnofósseis não possuem restos de animais ou plantas, mas registram o comportamento desses organismos. Essas representações podem ser encontradas na forma de tocas, pegadas, rastros de invertebrados (tubos de minhocas, marcas de arrasto de vermes ou larvas), marcas de urina e até fezes fossilizados”, explicou o geólogo.

A pesquisa de Maria atravessou continentes e chegou na Europa através do paleontólogo alemão Uwe M. Troppenz, um estudioso e autor de livro de paleontologia, que faz pesquisas e fóruns virtuais sobre registros semelhantes encontrados ao redor do mundo. Segundo Uwe, o registro pode pertencer a animais invertebrados que estavam no fundo de um lago no período glacial. “Há camadas glaciais com vestígios deixados por animais invertebrados que se mexem no fundo de um lago”, afirmou o alemão durante um debate promovido via Facebook. Para os pesquisadores os traços foram deixados no período de degelo.

Ideia é que descoberta seja levada aos estudantes
A pesquisa de Maria Angelica deve virar um projeto estudantil nos próximos meses. Segundo ela, a ideia é que estudantes possam conhecer através de pesquisas a campo, ou até mesmo dentro da sala de aula, traços e vestígios de animais que habitaram nosso Estado em eras passadas. “A ideia é incentivar os jovens a pesquisar e descobrir novos horizontes culturais. Infelizmente nossa região não incentiva tais pesquisas sobre os seres que viveram aqui a milhões de anos atrás”, pontuou Maria.
Contudo, o projeto depende do apoio do Governo Municipal via Secretaria Municipal de Educação para poder ser colocado em prática.

Confira as fotos registradas por Maria Angelica Muniz Frosi:

Matheus Medeiros
Matheus Medeiros
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