Anunciado pelo Banco Central na quarta-feira 29 de julho, o lançamento da nota de R$200,00, gerou grande repercussão, desde críticas no sentido de que facilitaria lavagem de dinheiro até memes com imagens de como deveria ser a nova cédula do real. Para o economista Fábio Terra, professor de economia da Universidade Federal do ABC, parte da explicação para este grande alarde, está na surpresa, já que não havia notícias de que o Banco Central estudava lançar a nova nota.
E a outra parte, é explicada pelo “efeito psicológico” que uma nota de R$ 200 pode ter em um país que viveu um grande período de alta inflação, desde meados dos anos 1980 até 1994, quando o Plano Real conseguiu finalmente controlar o processo inflacionário e estabilizar a moeda.
Está exatamente nos efeitos da pandemia
A explicação do Banco Central sobre por que lançar esta nova cédula, está exatamente nos efeitos da pandemia, a nova nota de R$ 200, 00 deverá circular no fim de agosto, com imagem do lobo-guará. Os detalhes da imagem da cédula, que está em fase final de testes, não foram revelados.
A estimativa é que no Brasil vivam cerca de 24 mil lobos-guará
O Lobo Guará que deverá até o final de agosto estar circulando nas cédulas de R$ 200,00 O, está entre as mais de Mil espécies da fauna ameaçadas de extinção. A estimativa é que aproximadamente 24 mil lobos-guará vivam no Brasil atualmente com maior concentração na região do Cerrado.
A espécie sofre com a degradação do meio ambiente, avanço desordenado de atividades humanas sobre o Cerrado e centros urbanos, o que leva à perda de habitats. Também é afetada pelo aumento da caça, por atropelamentos e disseminação de doenças a partir do contato com cães domésticos.
O lobo-guará figura na lista de espécies ameaçadas do Portal da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, na categoria de vulnerável, e depende da preservação de seus ambientes naturais para continuar existindo.
Segundo a RECN, estima-se que cerca da metade da área original do Cerrado já tenha sido destruída. Incêndios florestais, obras de infraestrutura para energia hidrelétrica e demanda por carvão vegetal para a indústria siderúrgica também ameaçam o bioma.
“Precisamos entender que existe diferença entre valor e grandeza. Apesar da escolha da espécie para ilustrar as novas cédulas de real ser positiva, o valor destes organismos e da natureza brasileira é imensamente superior ao valor nominal do dinheiro. Nesse caso, a grandeza se traduz por meio de medidas efetivas pela proteção do patrimônio natural imenso, insubstituível e único. É atribuir valor à conservação da biodiversidade, do bioma Cerrado, das Unidades de Conservação de Proteção Integral e ao icônico e elegante lobo-guará”, avalia Brandão, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor associado da Universidade de Brasília.
Lobo-guará
Elegante e discreto, o lobo-guará (chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo silvestre da América do Sul. Ele pode atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos. Sua pelagem laranja avermelhada, além da beleza, lhe confere alguns apelidos, como lobo-de-crina e lobo-vermelho. Sua gestação dura pouco mais de dois meses, com média de dois filhotes. Livre na natureza, vive cerca de 15 anos. Além do Brasil, é encontrado na Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai.
Segundo a RECN, o lobo-guará tem comportamento discreto, solitário e pouco ofensivo, preferindo se manter distante dos humanos. Geralmente, pode se alimentar de animais de grande porte, como os veados campeiros, ou pequeno porte, como roedores, tatus e perdizes, além de frutos típicos do Cerrado, como o araticum (Annona crassiflora) e a lobeira (Solanum lycocarpum), também atuando como importante dispersor de sementes.
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