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sábado, novembro 23, 2024

Jornal do Comércio da destaque para a artista Luana Fernandes em entrevista exclusiva

Acompanhe a matéria abaixo assinada pelo Jornalista Igor Natusch publicada no Jornal do Comércio 

 

Todo trabalho artístico, a seu modo, é uma descoberta. Para a gaúcha Luana Fernandes, a carreira musical não surge exatamente como surpresa, mas proporciona uma descoberta das próprias potencialidades, em mais de um sentido.

Uma caminhada que acabou temporariamente travada pela indesejável presença do novo coronavírus no País, mas que em breve será compartilhada com o mundo: está marcado para 16 de outubro o lançamento do CD Lua de outubro, concretizando o projeto que, inicialmente, estava marcado para maio.

Em trajetória ascendente no Estado, cantora projeta para outubro o lançamento de seu primeiro CD BETA IRIBARREM/FOTO DIVULGAÇÃO/JC

A escolha da data, é claro, não é casual. “É o dia do meu aniversário, uma lua nova, um novo ciclo. Vamos aproveitar esse momento e colocar esse trabalho para fora. Estou muito ansiosa para ver a reação das pessoas”, empolga-se Luana, em conversa com o Jornal do Comércio.

Natural da cidade de Camaquã (RS), a cantora de 28 anos tem contato com a arte desde cedo: seus pais são ligados à poesia, e ela seguiu essa trilha desde muito cedo. “Peguei um microfone e declamei em público pela primeira vez com três anos de idade”, lembra Luana.

Mudou-se há 10 anos para Porto Alegre, e dividiu durante bastante tempo as atividades musicais com as responsabilidades do curso de Publicidade e Propaganda na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). No ano passado, foi escolhida Melhor Cantora no Prêmio Vitor Mateus Teixeira, concedido pela Assembleia Legislativa do Estado.

Durante seus primeiros tempos na música, Luana cantava as letras escritas pelo pai, Catulo Fernandes, com arranjos do parceiro musical Ricardo Cordeiro. Mesmo com inúmeras poesias de sua autoria, ela não se sentia à vontade para colocar suas palavras no mundo. “De certo modo, eu me sentia confortável sendo apenas intérprete”, reflete. “Cantar e subir no palco já é uma forma de se expor, e eu entendia que, cantando músicas que eu própria escrevi, seria como estar totalmente nua. Eu tinha um pouco de receio sobre até que ponto as pessoas iriam se identificar (com minhas letras), e tem também o fato de o meu pai ser um ótimo poeta. Então, eu meio que sentia que, com ele compondo, para mim já estava ótimo”, recorda, rindo.

Nos últimos anos de faculdade, a partir da participação em festivais universitários, isso mudou. E Luana começou a pisar com mais segurança pelas avenidas musicais da MPB, fazendo cada vez mais uso das próprias palavras.

Uma descoberta de si que, como a própria cantora acentua, é análoga à descoberta de muitas mulheres no cenário musical brasileiro. “Sempre tivemos muitas mulheres intérpretes fantásticas, mas que não compõem, até porque não eram muito incentivadas. Eu acho que isso de compor tem a ver, sim, com essa questão de inclusão do feminino (na música), e esse aspecto é muito importante para mim, enquanto artista.”

Entre outras iniciativas nesse sentido, Luana promoveu, há alguns anos, o projeto Deusas urbanas, em que chamava mulheres artistas de diferentes vertentes para eventos de música, poesia e experimentação. E a redescoberta de sua potencialidade como compositora veio acompanhada do reencontro com a própria negritude.

Com disco pronto para lançar, Luana Fernandes mostra suas descobertas

“Durante muitos anos, fui embranquecida pela sociedade, pelo fato de eu ser parda na certidão de nascimento e ter olhos claros. Eu acabei fazendo também um descobrimento de mim mesma como mulher negra. É um processo muito importante, que faço questão de levantar, e trago muitas questões relacionadas a isso em minhas composições”, reforça.

A pandemia, como se sabe, atrapalhou seriamente a carreira de muitos e muitas artistas – e, para Luana Fernandes, provocou um atraso em seu álbum de estreia. “Confesso que acabei dando uma desmotivada”, reconhece. “Fiquei um pouco abalada, em dúvida sobre quando conseguiria voltar ao palco, quando lançar o álbum que já estava pronto Aí naturalmente dei uma puxada de freio, até para pensar melhor sobre essas coisas todas.”

Não deixa de ser normal: a descoberta do próprio caminho prevê momentos de pausa, potencializando o movimento que está por vir. Agora, a carreira de Luana Fernandes se move de novo: já está nas plataformas digitais o single da música Lua de outubro, e é possível assistir episódios da série em vídeo Papo de lua, com a cantora compartilhando parte do processo de criação de seu primeiro disco.

A ideia é promover uma live especial de lançamento do álbum, com todo o clima de uma apresentação em cima do palco, além do lançamento de um novo videoclipe. E, depois de achar seu lugar na criação musical, as composições seguem surgindo. “Com essa situação da pandemia, não existe a perspectiva de fazer planos muito a longo prazo. Mas queremos levar esse trabalho para além do Sul, mesmo que em forma digital. Um passo de cada vez”, diz ela.

Redação CLICR
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