Foi realizada, na noite desta quinta-feira (24), uma reunião na Câmara Municipal de Tapes, que teve como objetivo esclarecer dúvidas a respeito das soluções apresentadas pela administração municipal para a gestão do antigo hospital Nossa Senhora do Carmo, que foi terceirizada.
Junto com o prefeito Luiz Carlos Coutinho Garcez, para responder aos questionamentos, esteve presente o médico cirurgião vascular e clínico geral, Dr. Dirceu Dal`Molin, que é diretor da Associação Hospitalar Vila Nova (AHVN), empresa que administra o pronto atendimento atualmente, por meio de contrato firmado com o município.
O vereador Marcus Vigolo, presidente da câmara, conduziu os trabalhos do encontro que reuniu presencialmente os vereadores Fabiano Dummer (PP), Evânia Nunes (PDT), Alessandro Vasque (PDT), Anderson Stiborski (PP) e Brizolinha (PL), também a secretária municipal de Saúde, Marlene Heidrich, além de uns poucos integrantes da comunidade. A reunião foi transmitida ao vivo pela página da câmara no Facebook.
Dal`Molin fez uma breve explanação da estrutura da AHVN no Estado e compartilhou alguns dados sobre os atendimentos realizados no pronto atendimento de Tapes desde que a associação assumiu o comando em 1º de fevereiro. Informou que foram 2.103 pessoas atendidas, das quais 328 eram casos de emergência, totalizando uma média de consulta diárias de 91 pacientes. Disse que foram realizados 172 exames e que o setor pediátrico atendeu cerca de 250 pacientes.
Fez questão de dizer que a associação não está em Tapes para ganhar dinheiro ou explorar o município e destacou que desde 2015 o Vila Nova é 100% SUS.
Revelou que das considerações feitas ao prefeito para a melhoria no atendimento, pontuou a necessidade da qualificação da emergência 24 horas com a disponibilidade de dois médicos por dia. Quer a implantação do serviço de tomografia, para o qual garante que está mobilizado em buscar recursos federais. Finalmente afirmou que o objetivo é retomar o atendimento do hospital da melhor forma e no menor espaço de tempo possível.
Ao ser questionado sobre a possibilidade das UTIs do Grupo Vila Nova de outras unidades prestarem acolhimento aos pacientes de Tapes, Dal’Molin afirmou que isto inclusive já ocorreu e que esta condição está garantida.
Respondendo ao vereador Fabiano Dummer sobre a composição diária da equipe de profissionais em saúde do pronto atendimento, incluindo os finais de semana, informou que atualmente a escala de serviço conta com um médico de segunda a sexta-feira e dois médicos aos finais de semana, mas que já foi identificada a necessidade de ampliar o quadro para dois médicos em tempo integral e que esta medida está sendo providenciada junto com o prefeito. Da equipe de enfermagem disse que conta com o que a demanda exige, incluindo uma coordenadora e uma administradora da associação presentes na cidade e à disposição da população 24 horas.
No planejamento do diretor está a formação de um corpo médico do hospital com escala permanente, dando preferência a profissionais residentes na cidade.
A vereadora Evânia externou a preocupação com a realocação dos servidores da autarquia que foi extinta, questionando a possibilidade de os mesmos serem reaproveitados em suas funções pela AHVN, ao que Dal`Molin respondeu que isto já ocorre com grande parte destas pessoas e que a medida em que a unidade de saúde for ampliando a oferta de serviços mais profissionais remanescentes da autarquia podem ser reaproveitados.
Quanto ao prazo para que o antigo hospital volte a oferecer internações e realizar procedimentos cirúrgicos, o prefeito Garcez explicou que isto deve ocorrer somente após o processo licitatório que escolherá a empresa que vai administrar a unidade de saúde. Complementou reiterando que há um contrato emergencial com a AHVN de três meses, prorrogáveis pelo mesmo período e que o certame para concessão da condição administrativa deve ocorrer neste intervalo de tempo. Destacou ainda que estão sendo providenciadas pelo município as reformas estruturais necessárias para que o prédio da unidade atenda as exigências de funcionamento de cada setor.
Em relação aos detalhes do contrato firmado entre município e AHVN, incluindo os valores repassados pela prefeitura, não houve respostas conclusivas da parte do prefeito ou do diretor da associação e os vereadores seguem aguardando o retorno de solicitação formal feita em sessão ordinária na Casa de Leis.
Ao retomar sua defesa sobre a decisão de privatizar o serviço de saúde do antigo hospital visando a solução de antigos problemas o prefeito Garcez enfatizou a questão dos servidores concursados e dos credenciados que trabalhavam na unidade, dizendo reconhecer que haviam excelentes profissionais, mas também que por inúmeras vezes recebeu reclamações da mais diversa ordem em relação ao mal atendimento de servidores, incluindo médicos.
“Sei que tem excelentes funcionários ali, mas também tinham funcionários que deixavam a desejar. Agora, para muitos, todos viraram santinhos. Ninguém mais cometia erros[…]. Ora! Vamos deixar de hipocrisia. Meu Deus do céu!”, exclamou.
O gestor público explicou que existem questões jurídicas que impedem que servidores públicos trabalhem com empresa privada, que é o caso da AHVN, por isso foram realocados em outros setores, mas que nenhum foi demitido ou ficou desamparado.
“Não façam demagogia com uma coisa tão séria como é a saúde”, pediu Garcez. “Eu tenho a minha consciência absolutamente tranquila, que estou fazendo aquilo que, no meu entendimento, e no entendimento de quem está ao meu lado é o melhor para o município de Tapes”, concluiu o prefeito.