Foi em agosto de 1939 quando, através do saudoso Cônego Walter Hanquet, iniciou-se o movimento de doações para erguer a capela São José. Somente no dia 02 agosto de 1942 ocorreu o lançamento da Pedra Fundamental. E neste dia 02 de agosto a Capela completa seus 80 anos.
Para escrever um pouco da história da Capela São José, o Portal ClicR, esteve conversando e adquirindo material junto com o Empresário Teófilo Slawski, bem como da professora formada em especialização em metodologia do Ensino de História Valdirene Cichocki, que nos forneceu todo seu trabalho Acadêmico feito no ano de 2019. O Portal ClicR contou com apoio também da Secretária da Paróquia Liane Peter e do empresário Luís Renato Kornalewski, algumas preciosas imagens cedidas por Clair Elisete Venzke Lisackowski, revisão do texto Pe. Gerson Schmidt.
História
Foi no século XIX que começou se intensificar a chegada dos primeiros colonizadores. A atual área urbana de Chuvisca era no começo do século uma espécie de paradouro dos carroceiros, meio caminho entre Dom Feliciano e Camaquã.
O pequeno povoado era passagem obrigatória dos colonos para o escoamento dos produtos cultivados. Utilizavam de um galpão para se protegerem dos típicos “chuvisqueiros”, daí o nome “CHUVISCA” (sendo em 1954 registrada como tal). O nome de “Chuvisca”, como proposta mais dissonante, se deve a região do antigo ponto CHUVISCO quando já havia maior aglomeração de casas e pessoas.
Segundo relatos das pessoas mais antigas, as primeiras missas eram realizadas em baixo de pés de figueira, onde os féis se concentravam para escutar a Palavra de Deus e celebrar a Santa Missa dos Padres da antiga Paróquia N. Sra. de Lourdes do Guaraxaim.
O Mês de agosto para a comunidade católica de Chuvisca, é um mês de importantes decisões, pois foi justamente neste mês no ano de 1939, que o saudoso Cônego Luiz Walter Hanquet (vigário da paróquia São João Batista de Camaquã), sentindo a fé que havia nos moradores da então localidade de “Tapera Velha” (hoje Chuvisca), iniciou um movimento de doações com o objetivo de erguer uma capela. Após conversa com membros da comunidade, todos abraçaram a ideia e logo foi surgindo as ofertas generosas.
Abaixo imagem da primeira página registra no Livro de Registro de Contribuições, escrita por Cônego Luiz Walter Hanquet:
O PADROEIRO: Certamente o objetivo de venerar o trabalho, a humildade, dedicação do pai adotivo de Jesus Cristo, escolheram “São José” para ser padroeiro da comunidade, por ser também padroeiro universal da Igreja e padroeiro da família.
PEDRA FUNDAMENTAL
A Ata do Lançamento da Pedra Fundamental da Capela dedicada a São José ocorreu dia 02 de agosto de 1942, na localidade de Tapera Grande, Terceira Zona do Município de Camaquã, na Paróquia de São João Batista de Camaquã, pertencente à Arquidiocese de Porto Alegre. Nesta época, o Papa era PIO XII, o Arcebispo de Porto Alegre D. João Becker, como “vigário”(atualmente o nome é pároco) da Paróquia o Pe. Luiz Walter Hanquet, com o auxiliar Pe. José Mees. No governo do país, nessa época, o presidente era Dr. Getúlio Vargas, prefeito de Camaquã Otaviano Paixão Coelho e o sub prefeito da 3ª Zona do município era Patrício V. de Albuquerque.
Ainda segundo documentos e livros tombos, quem empreitou a construção da capela foi Fabio Arcanjo Lucena, pela quantia de (CR$ 5.000,00) Cinco Mil Cruzeiros.
Doação de Meio Hectare
O Primeiro Traslado da Escritura Pública de “Doação de Inter-Vivos’’
A doação de meio hectares de terra de campo, sem benfeitoria, foi realizado oficialmente dia 28/06/1943, sendo doadores o casal de empresários José Schonofen e Zenobia Schonofen, a Donataria – a Mitra da Arquidiocese de Porto Alegre do Estado do Rio Grande do Sul.
O ALTAR: Como Padroeiro e certamente confiantes nas virtudes de um homem justo, trabalhador e honesto, pai adotivo de Jesus Cristo, a comunidade escolheu São José e perceberam a necessidade de destacá-lo dentro da capela. Foi então que doze anos após erguida a capela, tornou-se necessário a construção de um altar. E foi da cidade de Caxias do Sul, da empresa Gollo & Cia que veio o material para montar o altar, pelo custo de (CR$16.500,00) dezesseis mil e quinhentos cruzeiros. O frete para transporte desse altar era somente até Porto Alegre, realizado por Norberto Uebel, importante personagem na história da Capela, que foi até a Capital e trouxe o material gratuitamente, possibilitando a montagem do altar.
A Festa e Benção do Altar da Capela São José
Para poder relatar com mais clareza como foi o dia dessa festa e benção do altar, extraímos textos de preciosos documentos escrito pelo membro da diretoria da Capela São José, Sr. Afonso Tworkowski.
O dia da festa foi realizada em 26 de setembro de 1954, lembrando que na época a localidade já conhecida como Chuvisca era 3º distrito de Camaquã, desde bem cedo começou a fluir o povo para a festa, esta que foi organizada pela comissão composta pelos seguintes membros: Presidente Antônio Wirowski, Tesoureiro Afonso Tworkowski e o secretário Otaviano Peres da Silva.
Por volta das oito horas, num dia calmo de sol, chegou em seu jepp o Cônego Luis Walter Hanquett, vigário da paróquia de Camaquã. E a comunidade e visitantes começavam a chegar cada vez mais, uns a cavalo, outros a pé, de carroça. No decorrer da primeira Santa Missa vieram cheios de gente, da cidade de Camaquã, ônibus, Caminhões, jeeps e automóveis, onde, vários registros desta data, ressaltam um imenso foguetório.
Neste dia, ainda descrevem os documentos, foi destacado a presença de algumas autoridades da época, sendo eles: Coronel Caro Rodrigues Mendes, vice prefeito do município na época Rafael Rosales, Dr..Wolny B. Ribeiro, Dr. José Candido Godoy Neto, Cel. Antero Silveira, Colmar Barreto, Erlindo R. Assis, Julio Gastão Gomes e senhora, Dr. Mariah Paranhos e senhora, Luiza Galdino de Freitas, Luiz Scherer dentista de Camaquã, Osvaldo Hillesheim, Dr. Darcy Berbigier, candidato a deputado estadual (e que foi eleito), e muitos outros que não foi possível anotar no documento analisado.
Nos registros das atas, também se conta o motivo de um conglomerado de pessoas, pois no dia 03 de mês de outubro iriam se realizar as eleições para Governador do Estado, Senadores da República, Deputados Federais e Estaduais e a propaganda política estava preste a terminar, (de acordo com a lei).
Na ocasião, antes de iniciar a segunda Santa Missa, Cônego Luis Walter Hanquett subiu ao muro e de frente para a futura torre da capela e proferiu aos presentes um verdadeiro “Sermão”, solicitando a todos harmonia e ordem. “Nada de disputas políticas nesse lugar, esse dia é dedicado à Deus”, e aclamou as pessoas abastadas, que de algum modo e sem constrangimento coadjuvassem com a presente capela, cooperando assim para o progresso dessa zona colonial, e ainda destacou: “reparem esses pobres colonos, esquecidos e abandonados, de mão calejadas, que mourejam de sol-a-sol, com poucas perspectivas de êxito, com quase nenhuma compensação de seu suor, principalmente no ano que atravessamos, sofrendo perdas totais causadas pelo tremendo granizo que assolou esta zona”.
Nesse dia, Pe. Walter fez um convite a quem quisesse ser padrinhos do “novo altar” recentemente colocado na capela, manifestando as seguintes pessoas:
Caro Rodrigues Mendes, Rafael Rosales, José Candido Godoy Netto, Antero Silveira, Colmar Barreto, Erlindo Rodrigues Assis, Dona Celina Leal, Mariah Paranhos, Anita Neto de Campos, Luiza Goldinho de Freitas (esta que veio de avião da cidade de Caçapava). Os padrinhos contribuíram com uma bela e generosa quantia de CR$ 14.000,00. Durante a Santa Missa então foi feita a Benção do Altar, sendo para os fiéis uma maravilhosa ornamentação sacra.
A festa ocorreu com ordem e paz, apesar dos pequenos “ensaios” para promoverem atritos, tendo sido felizmente evitados com certeza atendendo ao apelo do Cônego Walter. Já lá pelas 17h, pouco a pouco o povo começou a se dispersar, terminando às 18h.
Na festa foram consumidas duas vacas, muitos leitões e galinhas assadas, cucas massas de diversas qualidade e feitios, pão, cerveja, vinho, refrigerante e chopp, embalados por música, alegria e festejos. O balanço contatou-se a quantia de vinte e três mil, quatrocentos e oitenta e nove cruzeiros (CR$ 23.489,00), sendo a festa um destaque como uma das maiores já realizadas na região.
No dia 4/2/2016, desmembrada da Paróquia São João Batista de Camaquã, foi criada a Paróquia São João Paulo II, fundada na Comunidade local do Município de Chuvisca, tendo a sede inserida no mesmo terreno atrás da Igreja Católica São José. O protagonista da criação da nova Paróquia foi o Pe. José Inácio Sant’Ana Messa, então pároco de Camaquã. Atualmente a Paróquia São João Paulo II, atende mais doze comunidades, sendo três fora do Município de Chuvisca.
Padre Gerson Schmidt atual Pároco da Paróquia com a palavra: “Muitas histórias, estórias e águas rolaram nesses 80 anos da comunidade São José, outrora chamada de Tapera Grande. Os carroceiros que traziam e levavam mercadorias batizaram aos poucos o local de Chuvisca(o), porque inicialmente ficaram por aqui oito dias, havendo chuviscado sem parar, faltando-lhes até alimentos. Que as graças de Deus, em forma de chuva miúda, possa abençoar essa cidade e as comunidades. Que São José abra as torneiras do céu, abençoando as famílias, zelando, como patrono da Igreja, o templo vivo construído com pedras vivas, que somos todos. Que essa festa octogenária reacenda o fervor de viver a vida em comunhão, participação e sinodalidade (caminhar juntos), como pedem a caminhada eclesial de nosso tempo”.
Abaixo galeria de fotos de documentos e imagens da Igreja:
Por: Gildomar Avila Medeiros (Figura) revisão Pe. Gerson Schmidt