SEAPI E EMATER/RS-ASCAR
Após quatro anos de estudos, pesquisadores da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e da Emater/RS-Ascar apresentaram, nesta quinta-feira (1º), o Seminário “Diagnóstico da fertilidade, estado nutricional e aspectos socioeconômicos da erva-mate do Rio Grande do Sul”. O evento pode ser conferido na página do Rio Grande Rural no YouTube.
Na ocasião, o diretor do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Seapi, Caio Efrom, exaltou a parceria entre as instituições, que possibilitará entregar aos técnicos e produtores rurais resultados inovadores de pesquisa sobre a erva-mate. “Isso terá um impacto direto para a cultura”, salientou. Ele ainda afirmou que recentemente foi assinado um convênio com o Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), para que em breve possam ser usados os recursos do Fundo de Desenvolvimento e Inovação da Cadeia Produtiva de Erva-Mate (Fundomate) na cadeia produtiva.
O engenheiro florestal e extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Antonio de Borba, apresentou o “Georreferenciamento do Diagnóstico da Fertilidade e Situação Nutricional dos Ervais nos 5 Polos Ervateiros do RS”. Os polos ficam na Região do Vale, Alto Taquari, Nordeste Gaúcho, Alto Uruguai e Palmeira das Missões e englobam mais de 250 municípios.
Por sua vez, a pesquisadora, mestre em Desenvolvimento Rural e doutora em Gestão, Larissa Ambrosini, abordou “Diagnósticos da produção de erva-mate no Rio Grande do Sul – Aspectos Socioeconômicos”. Segundo ela, foi aplicado um questionário a 237 produtores com o objetivo de obter informações sobre as propriedades, como área total e área dos ervais, principais fontes de renda e a relevância da cultura da erva-mate na composição da renda das famílias. Também sobre os canais de comercialização mais acessados, e para identificar os principais entraves enfrentados para o desenvolvimento da atividade do ponto de vista dos agricultores.
“Em síntese, os resultados mostram que a área média das propriedades foi de 26 hectares, sendo a área média dos ervais 8,11 hectares. A produtividade média, de 863 arrobas por hectare, foi maior do que as médias estadual, 587 arrobas por hectare, e nacional, 509 arrobas por hectare”, destacou Larissa.
O estudo apontou ainda que a erva-mate é a principal fonte de renda de pouco mais da metade dos produtores, 51%, seguida do cultivo de grãos. A indústria é o principal canal de comercialização para o produto. A participação da cultura na renda da propriedade é 54%, em média. A tendência dos rendimentos para a maioria foi de crescimento nos últimos cinco anos.
“Os produtores parecem apostar na cultura como uma boa alternativa de renda, uma vez que a maioria declarou que investiria na erva-mate, caso tivesse recursos financeiros disponíveis”, relatou Larissa. “Mesmo assim, o preço recebido pelo produtor parece não ser o suficiente, pois esse fator foi apontado como o principal entrave enfrentado na produção de erva-mate, seguido pela falta de mão de obra na colheita e falta de pesquisa para a cultura. No que se refere à atividade rural, a principal dificuldade é a falta de mão de obra e de pesquisa”, pontuou.
Já o pesquisador do Laboratório de Química Agrícola do DDPA, Bruno Lisboa, abordou o “Levantamento da fertilidade do solo dos ervais no Rio Grande do Sul” e a “Estimativa das faixas de suficiência nutricional para diagnose foliar da erva-mate”. Ele disse que, em relação ao diagnóstico da fertilidade do solo e a questão da nutrição vegetal, foram analisadas mais de 300 amostras de solo de produtores (nos cinco polos ervateiros), onde também foram coletadas informações sobre produtividade e sistema de manejo, como o uso de fertilizantes corretivos em ervais cultivados a pleno sol e sombreado.
“O trabalho permitiu que fossem identificados nutrientes que no geral estão com disponibilidade adequada no solo, como por exemplo, o Fósforo (P) e outros que devem ser monitorados como o Potássio (K) e o Cálcio (Ca), pois eventualmente podem estar limitando a produtividade”, afirmou Lisboa.
Ele contou que também foram avaliadas as diferenças entre a fertilidade do solo entre ervais cultivados em solos originados por diferentes materiais de origem (basaltos e dacitos), solos conhecidos pelos produtores como “terra branca e terra vermelha”.
“No caso da questão nutricional, o trabalho permitiu que fosse elaborada a faixa de suficiência nutricional foliar para a erva-mate. A importância disso é que até então não era possível a realização de diagnose foliar para a cultura, sendo que, a partir de agora, isso poderá ser feito”, garantiu o pesquisador. “E com os dados das análises foliares dos produtores e a aplicação da faixa de suficiência foi possível observar quais nutrientes podem estar limitando ou não o desenvolvimento das plantas”.