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sexta-feira, setembro 20, 2024

Ciclones extratropicais – Entenda melhor o fenômeno que está assolando Rio Grande do Sul

A explicação está na diferença de temperatura e umidade entre o continente e as águas do mar próximas à costa. 

Os ciclones extratropicais são fenômenos meteorológicos comuns que se formam sobre o oceano ou o continente e costumam provocar muitas ondas quando estão sobre os oceanos. Contudo, podem ser devastadores quando ganham intensidade e tocam o continente, especialmente pela força dos ventos. Desde junho, varios atingiram o Sul do Brasil. Mas por que essa região é aparentemente mais suscetível a esses fenômenos?

 

“Toda vez que passa uma frente fria, ela está associada a um ciclone extratropical”, explica o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Manoel Alonso Gan.

 

Dedicado desde 1988 ao estudo de ciclones extratropicais e temas relacionados, o pesquisador explica que nem todo ciclone é intenso e provoca ventos fortes o suficiente para provocar destruição. Os mais intensos costumam ocorrer na costa da região Sul do Brasil no período entre maio e setembro. Isso decorre da diferença de temperatura e umidade entre o continente e as águas do mar próximas à costa, ou seja, o deslocamento do ciclone do continente mais frio e seco em direção ao oceano mais quente contribui para que haja transferência de calor e umidade do oceano para a atmosfera.

 

“Neste ano, a temperatura da superfície do mar está ligeiramente mais alta do que a climatologia desta época do ano. Isso contribui para que o oceano forneça mais energia em forma de calor e umidade para a atmosfera e, assim, os ciclones podem se tornar mais intensos”, analisa o pesquisador.

 

O pesquisador alerta que o fenômeno ocorrido no Rio Grande do Sul no inicio do mês de setembro não pode ser atribuído exclusivamente a um ciclone extratropical. “O ciclone não foi a única explicação para toda essa chuva.”

 

Ele acrescenta que alguns estudos têm mostrado tendência de redução na formação de ciclones extratropicais devido às mudanças climáticas. “No entanto, observa-se um aumento na frequência de ciclones mais intensos”, pondera o pesquisador

 

 

A reportagem é da Assessoria de Comunicação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), 13-09-2023

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