Cachoeira do arroio São Silvestre sofre com a falta de chuva
Cachoeira na época das cheias (colaboração Elessandro Silveira)
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Estiagem traz prejuízos para a agricultura e racionamento de água
A falta de chuva que atinge a região vem prejudicando a agricultura e deixando em alerta algumas comunidades que já começam inclusive a racionar o uso de água potável. Na agricultura os prejuízos são sentidos principalmente na produção de grãos. Conforme dados da Emater, o impacto maior foi registrado nas plantações de milho, mas a safra de soja também foi afetada, segundo relatos de produtores de Tapes.
Em Cerro Grande do Sul, o principal impacto pela falta de chuva é o racionamento de água potável que já afeta os moradores da área urbana.
Falta de água potável afeta moradores
Em Cerro Grande do Sul, o início da semana passada foi sem água potável para muitos moradores do centro da cidade.
Segundo Marcus Volnei de Oliveira, responsável pela estação de tratamento de água da Corsan na cidade, a estiagem avançou ao ponto que somente uma das duas bombas que fazem a captação de água está em operação e no nível mínimo. Outro problema relatado pelo profissional, e que prejudica o abastecimento da estação, é ocasionado por pessoas não autorizadas que acessam o ponto onde a água é captada, no alto da cachoeira do arroio São Silvestre, e mexem nas bombas, interferindo diretamente no abastecimento do reservatório. Este fato inclusive já foi registrado na Delegacia de Polícia Civil.
Segundo levantamento da Corsan, no município os picos de consumo de água são registrados nas segundas-feiras, sextas-feiras e sábados. Pelo histórico da cidade que possui aproximadamente 2.262 ligações na rede da Corsan, o problema de falta d’água tem ocorrido nos últimos anos no mês de março, mas neste ano chegou mais cedo, o que preocupa os técnicos.
“É importante que a população entenda o problema e reavalie seus hábitos de consumo de água, sob pena de sofrer ainda mais com a falta, pois se a estiagem persistir será necessário ampliar o racionamento”, alertou Marcos.
Alerta de preservação
Em uma visita técnica ao Cerro da Antena, interior de Cerro Grande do Sul, o engenheiro agrônomo Rafael Mattarredona Netto, do escritório municipal da Emater, alertou para a pouca densidade de vegetação nativa próximo as nascentes que abastecem o arroio São Silvestre. Aliado a isto nota-se o avanço das áreas de reflorestamento com eucalipto naquele local, o que prejudica diretamente as vertentes. “Tratam-se de propriedades particulares, mas seria importante que as autoridades competentes buscassem uma forma de interferir para que a área seja preservada e as nascentes protegidas”, destacou Netto.
Seca atinge nascentes
A escassez de água não é um problema exclusivo da área urbana de Cerro Grande do Sul, já que moradores de comunidades do meio rural também têm relatado a diminuição dos mananciais e até a extinção de algumas nascentes.
“Vou precisar fazer um poço artesiano pra mim e pra minha sobrinha, pois a sanga de onde nós pegávamos água secou”, relatou o aposentado Arnaldo Gomes, morador de Campo dos Teixeiras, interior de Cerro Grande do Sul.
Agricultores de Bandeirinha, distrito rural de Camaquã, também reclamam da escassez e temem pela falta de chuva.
Queda na produção
A agricultura é uma das atividades mais prejudicada em tempos de estiagem. Na região, a falta de chuva já traz perdas consideráveis para a culturas de milho, feijão, arroz e soja.
As plantações de fumo também foram afetadas pelas altas temperaturas, principalmente os plantios mais tardios, pois as folhas ainda não estão encorpadas o suficiente para resistir ao calor e maduram muito rápido não adquirindo o peso esperado, além disso o efeito do sol pode prejudicar a classe.
Para o cultivo do milho o baixo índice de chuvas no último mês de dezembro ocasionou falta de umidade, o que coincidiu com a fase crítica de florescimento da planta e início da formação dos grãos. O resultado foram espigas ralas ou mesmo o secamento dos pés gerando grandes prejuízos para que apostou na cultura. Mesmo quem plantou em época mais tardia está sofrendo com a estiagem já que o janeiro repete o clima seco de dezembro. Somente em Cerro Grande do Sul, a Emater/RS estima duas mil hectares de plantação tenham sido afetadas.
“Teria que ter chovido uns 100 milímetros por mês, desde outubro, para que as lavouras de milho plantadas no tarde não fossem comprometidas”, ressaltou Rafael Mattarredona Netto, engenheiro agrônomo da Emater/RS.
Em Sertão Santana o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Flávio Koch, diz que é testemunha das perdas ocasionadas pela estiagem.
“Aqui não haverá uma safra boa. O milho não vai produzir quase nada. O fumo queimou muito com o sol. A uva deverá ter uma redução de 20% na produção. Além da falta de chuva as pessoas reclamam aqui no sindicato do calor intenso que prejudica as planta”, explicou o presidente.
Outra cultura afetada em Sertão Santana é o arroz, já que grande parte dos produtores irrigam suas lavouras com a água do arroio Ribeiro, que está com o nível bem abaixo do normal e já não tem dado conta da demanda pretendida pelos arrozeiros. O regulamento do uso da água tem causado fortes discussões entre os usuários.
Em Tapes, o prolema não é diferente para as culturas de arroz e soja. A escacez de água gera perdas ou eleva os custos de produção para quem tem capacidade de investir em equipamentos que garantam o abastecimento de água suficiente.
Em algumas lavouras já são perceptíveis as manchas amareladas que denunciam a deficiência das plantas e os inevitáveis prejuízos.