Uma Revolução em 1971
Hoje, 24 de janeiro, celebramos um marco na história cervejeira brasileira: a chegada da primeira cerveja em lata no país. Antes de mergulharmos nesse evento, vamos dar um pulo na história da cerveja por aqui.
Enquanto a Europa já produzia cervejas há séculos, no Brasil, lá pelo século XVI, as tribos indígenas já curtiam o Cauim. Uma bebida diferente, fermentada com mandioca, milho e frutas, preparada de um jeito especial: mastigavam, cuspindo a mistura, e depois coziam novamente para fermentar, usando enzimas da saliva. Bem curioso, né? Isso acontecia nos primeiros anos da colonização.
A trajetória da cerveja no Brasil é envolta em desafios pouco conhecidos ao observarmos a bebida em sua forma atual. Durante o período da colonização, sua chegada às terras brasileiras foi marcada pela relutância em se popularizar, devido aos interesses portugueses em promover a venda de vinho. No entanto, superando essas primeiras adversidades, a cerveja se firmou como um símbolo da nossa cultura.
Histórias sugerem que em 1637, o holandês Maurício de Nassau desembarcou no Brasil acompanhado do cervejeiro Dirck Dicx. Em outubro de 1640, eles supostamente inauguraram a primeira fábrica de cerveja das Américas na residência denominada “La Fontaine”. Neste local, produziam uma cerveja robusta, elaborada com cevada e açúcar. Apesar dos registros detalhados, a veracidade desses acontecimentos ainda não foi comprovada.
O fato incontestável é que, nesse período, vinho e cachaça dominavam as preferências, uma vez que os portugueses promoviam ativamente a venda de seus vinhos, e o comércio de importação e exportação era restrito a Portugal. Essas nuances revelam a complexa jornada da cerveja até se consolidar como parte integrante da cultura brasileira.
Anos depois a cerveja se popularizou e se disseminou pelo Brasil. A grande mudança aconteceu em 1971, quando a marca Skol lançou a primeira cerveja em lata no Brasil. Essa inovação revolucionou a maneira como os brasileiros desfrutam de sua cerveja, proporcionando praticidade e uma nova experiência de consumo. Antes desse momento, a cerveja era predominantemente encontrada em garrafas, e a introdução da lata marcou um avanço significativo na indústria cervejeira nacional.
Mas essa ideia de embalar líquidos em latas não foi fácil desde o início. Lá pelo final do século 19, as latas já eram super importantes para guardar alimentos, mas só em 1933, após o fim da Lei Seca nos EUA, é que a American Can Company começou a ter sucesso com latas para líquidos.
Após dois anos de pesquisa, eles criaram uma lata resistente à pressão, com um revestimento interno especial para manter a cerveja fresca. A Krueger, uma cervejaria lá nos Estados Unidos, foi a primeira no mundo a vender cerveja em lata. No começo, os amantes de cerveja torceram o nariz para a ideia, mas aos poucos, a Krueger superou as resistências, e a cerveja em lata virou uma realidade que transformou a forma como curtimos uma boa cerveja.
Ah, e sobre a primeira cerveja em lata no Brasil? Ela foi feita de folha de flandres, um material resistente, revestido por estanho para evitar ferrugem. Esse laminado a frio, com suas propriedades de vedação e maleabilidade, se tornou ideal para proteger nossas cervejas, garantindo que elas durem muito além do tempo normal quando embaladas. Uma verdadeira revolução que merece um brinde! 🍻
Curiosidade: Na segunda metade do século XIX, o apelido para se referir à bebida era “cerveja-barbante”. Isso porque, como o controle de fermentação era rudimentar, as garrafas eram lacradas com uma rolha amarrada por um barbante, para impedir que a rolha saltasse. As tampas de metais que conhecemos hoje, só foram inventadas em 1891, por William Painter.
Referência: Livro Larousse da Cerveja, Editora Larousse.