Folha de arado, ferradura, facão, capa de rolamento entre outros, viram excelentes facas artesanais na mão do cuteleiro.
Quem vive e trabalha no campo sabe da importância de um canivete, de uma faca amolada ou de um facão de qualidade. A arte de fabricar essas ferramentas é a chamada cutelaria, uma tradição milenar, que tem adeptos por todo o Brasil.
Durante esta semana o portal clicr, esteve conversando com o cuteleiro Marcos Gonçalves morador da localidade do Caburé interior de Barra do Ribeiro, que nos relatou um pouco desse trabalho e de como surgiu seu carinho por esta atividade.
Início:
Segundo Gonçalves, não tinha nenhuma pretensão de trabalhar na área da cutelaria, certo dia foi comprar uma faca para seu uso, contudo não achou a lâmina do seu gosto, e as facas que tinha olhado eram feitas de facão, mas como queria de um outro material não comprou e decidiu confeccionar uma para ele.
“Já que era pra fazer de facão então peguei um velho que tinha em casa, e moldei minha primeira faca, coloquei na cintura e fui trabalhar, quando um amigo meu viu me perguntou sobre a faca, e eu respondi, fui eu que fiz, e no mesmo momento ele quis comprar, e fez o preço (R$ 100,00), meio assim vendi a faca. Já minha próxima faca fiz de disco de arado, usei o fogo, mais elaborada, pois bem chegou outro conhecido meu e me pediu para vender para ele, e acabei vendendo (R$ 120,00)”.
Segundo Marcos seu filho (in memoriam), na época com 17 anos, começou a questionar o pai para vender, Marcos achava que não venderia, mas as vendas foram acontecendo.
“Meu filho pegou uma faca e vendeu, e quando ele vendeu a faca chegou em casa e disse que tinha mais três amigos interessados, então eu lhe disse, te dou o dico e tu faz, e começamos a fazer e as vendas foram fluindo e hoje tenho dois cursos de especialização” explicou Gonçalves.
Forjadas a altas temperaturas e moldadas pelas pancadas de martelo e por olhares precisos, aos poucos, as facas artesanais, feitas de aço, ganham forma. A arte da cutelaria é uma mistura de força e delicadeza.
Hoje as encomendas vêm dos mais diversos locais inclusive do Paraná e Santa Catarina, como trabalha sozinho elaborando facas; produz em média de 15 a 20 facas artesanais por mês.
Arte da reciclagem
A arte da cutelaria está ligada à reciclagem. Disco de arado usado, um pedaço de feixe de molas de caminhão trilho de trem, ferradura, facão velho que seriam jogados no lixo, podem se tornar belas facas.
Hoje, além das facas Marcos produz a bainha, conserta facas, vende kit rústicos, virador de brasa e garfo forjado em inox, observação (tudo sob encomenda)
Curiosidades sobre o nome da localidade:
Caburé é uma ave strigiforme da família Strigidae. Também conhecido como caburé-do-sol, caburé-ferrugem, caburezinho.
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