Setor enfrenta dificuldades por falta de acessos, de comunicação e de energia elétrica
Em torno de 40% do leite produzido no Rio Grande do Sul está com a entrega para a indústria comprometida pelas consequências das chuvas que atingem o Estado. O percentual foi informado pelo presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do RS (Gadolando), Marcos Tang e do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS).
Tang afirma ter recebido dados do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat RS), que representa as maiores empresas do setor, como Santa Clara e Languirú, e que estão deixando de receber, diariamente, três milhões de litros de leite. “Ainda não temos as informações da Apil”, diz, referindo-se à Associação das Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios. Com a contabilidade dos prejuízos ainda em aberto, Tang soma aos problemas a queda de produção por morte de animais e desequilíbrio na alimentação. “Acreditamos que 50% da produção está afetada. Produtores que ordenhavam três vezes ao dia passaram a ordenhar uma vez só”, calcula.
Tang comemora a autorização obtida junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para que o leite possa ser recolhido nas propriedades por qualquer empresa do setor que tenha acesso ao local, não apenas por aquela na qual o produtor está cadastrado. “O produtor consegue entregar para aquele que consegue chegar, sem prejuízo da garantia de qualidade. O ministério autorizou isso no sábado [dia 4] à noite. Esta foi uma conquista boa para amenizar perdas”, afirma, salientando que “fica chato falar em vaca e leite quando há risco de morte para muitas pessoas. A vida humana vem em primeiro lugar. Depois a produção.”
De acordo com o presidente da Gadolando, as indústrias de laticínios aguardam a decisão do ministério sobre a possibilidade de compartilharem embalagens, pois algumas delas, sem acesso rodoviário, não estão recebendo o material. Tang afirma não haver risco de desabastecimento. “O Rio Grande do Sul só consome 40% do leite que produz. Somos um Estado exportador de leite. Infelizmente só exportamos para São Paulo. Gostaria que fosse para fora do país. Temos um superávit grande de produção”, diz.