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segunda-feira, setembro 16, 2024

Conhecendo a origem da Sociedade Cantoria União Cultural em Sertão Santana

A Sociedade Cantoria União Cultural foi oficialmente erguida em 1966, mas suas raízes são muito mais antigas, remontando a 1899.

Nesta matéria o Portal ClicR busca trazer para o amigo internauta, matéria publicada em setembro de 2020 no então Regional de Notícias (jornal impresso), matéria essa feita com muitas pesquisa e conversas por Gildomar Avila Medeiros, popular Figura.

 

A história de Sertão Santana é rica e profundamente marcada pela herança cultural dos imigrantes que se estabeleceram na região. Embora as origens do município remontem a 1784, a colonização efetiva começou em 1892, e o município foi oficialmente fundado em 1992. Localizado na região Centro-Sul do Rio Grande do Sul, Sertão Santana é conhecido por sua paisagem natural, caracterizada por morros, formações rochosas, cachoeiras, trilhas e mata nativa.

A população local é majoritariamente descendente de imigrantes alemães, austríacos e poloneses, com contribuições significativas de italianos e luso-brasileiros. Esse mosaico cultural é visível nas tradições e instituições que persistem até hoje, como a Sociedade Cantoria União Cultural, localizada na localidade de Linha Alfredo Silveira.

Quem anda pelas estradas do interior de Sertão Santana, na localidade de Linha Alfredo Silveira, em algum momento vai se deparar com a sede da Sociedade Cantoria União Cultural, erguida na comunidade no ano de 1966.

A fundação desta entidade social faz parte da história da região e carrega os traços da colonização alemã datada de 1899 que teve sua origem a partir das festas promovidas pela comunidade e das reuniões do grupo de coral  que eram formados apenas por homens.

O berço da Sociedade Cantoria União Cultural foi  a residência de seu idealizador  o saudoso “Germano Teifke e sua esposa Magdalena Raab”, a casa construída por ele tornou local de grandes bailes.

Germano Teifke Filho o principal idealizador da Sociedade, veio da Alemanha, da região de Poman com seus pais (Germano Teifke e Johann  Bruziaff ).

Magdalena Raab e Germano Teifke

Germano Teifke ficou em Porto Alegre conheceu Magdalena Raab, e depois de algum tempo de namoro casaram-se e vieram morar com seus pais na localidade hoje conhecida como Dobrada, depois de um tempo Germano construiu sua própria casa na Linha Alfredo Silveira, cuja  a terra havia comprado, sendo o local na época somente mato.

Casa construída pelo casal 

A casa que deve ter hoje em torno de 130 a 150 anos foi construída com muito trabalho pelo casal, pois as tábuas eram cortadas com serras manuais, e construíram a casa em meio aos matos.

Casa de Germano foi centro de reuniões dançantes, casa deve ter hoje em torno de 130 a 150 anos, moradora é dona Deni Teifke

Abaixo vídeo feito em Setembro de 2020 com Deni Teifke.

Depois de um ano de casado , ao terminar a casa, lá foram morar. Tiveram 11 filhos.

Segue na ordem do mais velho ao mais novo:

Olga, Alberto, Alfredo, Alma, Amanda, Arthur, Ema, Joana, Henriqueta, Alfonso e Luiza.

A base e as paredes continuam completamente igual, bem como praticamente toda sua estrutura interna, hoje quem mora na casa é a neta de Germano filha do Alfredo, Deni Teifke.

Em conversa com o Regional Deni de boa vontade nos mostrou o interior da casa revelando que na sala era o salão de bailes, onde a idéia de se criar uma sociedade teria se iniciado, claro que algumas poucas modificações foram realizadas no seu interior o que não tira a idéia principal de como era o salão, destacando que todo madeiramento continua o mesmo.

 

Surgimento  da Sociedade Cantoria União Cultural

Germano além de agricultor foi fundador da “Sociedade Cantoria União Cultural”.

Segundo conversa com o ex-presidente da Sociedade Cantoria União Cultural, na época presidente, Srº Arnildo Litz, nos revelou que a Sociedade já existia desde 1899. Prova disso é uma bandeira da sociedade que ele tinha guardada esta já passou por uma restauração com data de 11 de novembro de 1899, juntamente com a bandeira de fundação de 1966.

Grupo de Coral comemorando o 1° do ano de 1910 em frente onde hoje esta localizado a Sociedade Cantoria União Cultural

Outra pessoa que contribuiu com valiosas informações foi Bertha Teifke neta de Germano Teifke, que explicou que naqueles tempos como praticamente todos eram agricultores  eles começaram a se reunir abaixo das sombras da mata perto da varanda da estufa do Arthur Teifke, localizada um pouco abaixo do atual clube União, onde com seus pais Germano e Magdalena, irmãos familiares e amigos, começaram a confraternizar e fazer grandes churrascos. Ela lembra que cada um se propôs a ajudar um pouco com as despesas, então Germano Teifke fez um caixa, e decidiu fazer uma sociedade e todos os anos começou a se realizar uma grande festa, a sociedade foi fundada em 11 de novembro de 1899.

A festa inicialmente deveria ser dia 1° de maio, contudo como nem sempre a data cairia num domingo optaram por realizar a festa no primeiro domingo de maio.

Devido essa união de todo o grupo de agricultores e o fato do coral ser muito forte naqueles tempos, criou-se então a Sociedade Cantoria União Cultural.

Bertha foi 20 anos secretária e lembra com carinho de muitas atividades que ocorreram no Clube. A construção da obra da primeira parte da Associação se deu basicamente da união dos moradores e doações, inclusive a mão de obra.

Trabalho voluntário união e boas lembranças

Arthur Teifke juntamente com sua esposa. Ele foi quem doou as terras para construírem a Sociedade.

Outra pessoa que contribui para a matéria foi Adroaldo Teifke neto de Germano, filho de Arthur Teifke, que também nos relata um pouco da história, lembra que seu pai foi maestro do coral por muitos anos, e os ensaios eram realizados na pequena escola que tem em frente ao clube, contudo após algumas reuniões com os agricultores finalmente iniciaram a obra com doações e trabalho voluntário.

Alfredo Teifke e seu filho Armando Teifke foram alguns dos pedreiros que ajudaram bem como toda a comunidade a construir a sociedade, Adroaldo lembra que ajudou também e quando colocou a última telha, uma grande janta foi feita para celebrar a construção da Sociedade Cantoria União Cultural.

” Lembro que colocamos a última telha, e um deu carne o outro deu vinho e fizemos uma baita janta e ocorreu um grande baile, porém só tinha homem, chão batido e a festa foi longe..”, lembrou com risadas Adroaldo que também foi um dos presidentes do clube.

 

Inauguração da quadra de cimento

Adroaldo também lembrou da inauguração da quadra de cimento localizada atrás do clube, onde montou um time de aposentado que não jogava mais, contra um time bom da época, contudo este time bom dava 10 gols, primeiro tempo ninguém fez gol nos veteranos já no segundo tempo levaram 5 mais ganharam o jogo por 10 x 05 e o almoço apostado.

 

Fatos curioso dos bailes

Outro fato de destaque, é que Arthur Teifke tinha uma serraria e era carpinteiro, onde além de doar a área para construir o clube também doou  36 mesas e 144 cadeiras, ao chegar ao baile o casal ou a pessoa poderia alugar esta mesa com quatro cadeiras, por aquela noite, não tendo problema de ir dançar e ficara sem lugar, pois se pagava por ela durante a noite.

 

Bandeira do Clube

Dora Teifke filha de Arthur Teifke, também lembra de fatos curiosos como é o caso das bandeiras, a Sociedade Cantoria União Cultural tem duas bandeiras uma datada de 1899 e outra de 1966, ela lembra que a cada velório que se tinha na época o caixão era conduzido de carroça com cavalos a frente e sempre que um ente querido viesse a faltar e esse fosse sócio, a Bandeira da Sociedade sempre ia na frente.

 

Arnildo ex presidente juntamente com sua esposa mostram as duas bandeiras da Sociedade.

Coral e Banda Teifke

Registros mostram que os corais já existiam antes da fundação da Associação em 1899, contudo era apenas para homens, já na Linha Alfredo Silveira uma foto registrada em 1910 retrata um grupo de homens com a participação de Germano Teifke em uma das festas realizadas em meio a mata nativa próximo ao local do atual clube.

Primeira formação da Banda Teifke

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR MATÉRIA COMPLETA SOBRE A BANDA TEIFKE

A cantoria iniciou sendo dirigida pelo seu filho mais velho de Germano, o Alberto. Os ensaios e também as festas anuais eram feitas na casa de Germano que sempre foi grande incentivador da continuidade desta sociedade.

Quando o regente Alberto foi morar em Sertão o irmão Arthur assumiu a regência do Coral e dirigiu até seus últimos dias. Outro fato curioso destacado por outra colaboradora Dona Dora Teifke é que antes da construção do clube Arthur pedia para ela escrever a letras dos hinos tudo em Alemão, pois naquela época não havia xerox, cada hino novo novamente lá ia dona Dora escrever tudo em Alemão uma copia para cada integrante.

A Banda que todos conheceram como Banda Teifke, também começou com o filho mais velho de Germano, o Alberto, que foi tocar com a Banda então existente de Augusto Huff. Logo ensinou seus irmãos o que não foi difícil, e deram inicio a própria banda, com a regência de Alberto Teifke. Mais tarde Alberto passou para Banda Raab, em Sertão Santana.

Os irmãos Alberto e Arthur Teifke

Então, Arthur passou a dirigir também a Banda, onde ficou regente até o fim de sua vida.

Hoje a família Teifke é uma das mais números em Sertão Santana tornando se por isso muito conhecida, algumas pessoas não sabe onde se localiza a linha Alfredo Silveira  ou onde fica a Sociedade Cantoria União Cultural, mas se alguém diz  “na zona dos Teifke”, ai muita gente conhece.

 

Redação CLICR
Redação CLICR
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