Conectividade no campo, acesso às novas tecnologias, rotação de culturas e desafios na produção pautaram o debate “Tendências para o agronegócio pós-pandemia: qual a estratégia?”, realizado pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) em parceria com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (Espm). O evento on-line reuniu o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, os coordenadores da Espm Jorge Dietrich e Ernani Carvalho, e o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva.
Para Velho, os produtores devem ficar atentos com as questões da conectividade, já que a evolução tecnológica chegou na agricultura. “Só que este caminho tem que ser trilhado sempre com um olhar muito profissional e gestão, essa é a palavra, com relação aos custos de produção que nos preocupam muito”, alertou. A entidade está incentivando, por exemplo, os produtores para a rotação de culturas, com a soja, o milho e a pecuária. “A propriedade tem que ser olhada de fora para dentro, com suas características. Não existe uma receita para que o produtor possa implementar um sistema ou outro. É necessário estudo e levantamento para que possamos prepará-la para um sistema de produção”, detalhou.
O dirigente destacou também a segurança alimentar, mais valorizada a partir da pandemia, pelos consumidores e que é tendência para o agronegócio. “Penso que a agricultura será mais valorizada. As pessoas acabam se dando conta que o alimento não nasce no supermercado e vem de uma indústria a céu aberto que depende de muitos planos da agricultura e do governo”, apontou o presidente da Federarroz, complementando que “já passou o tempo que para plantar, trabalhar com a agricultura nós tínhamos que ser bons agrônomos. Não basta mais. Temos que ser também bons administradores para colocar em prática toda a gestão, com conhecimento em diversas áreas para realmente implementar uma agricultura cada vez mais responsável ambientalmente”.
De acordo com Ernani Carvalho, a pandemia funcionou como um acelerador da tecnologia no campo e deixou clara a necessidade de digitalização de comunicação e serviços. Ele citou a implantação do 5G como um impulsionador de transmissão de dados onde hoje a internet apresenta falhas de conexão. O coordenador trouxe, ainda, exemplos das AgTechs, empresas tecnológicas voltadas para o agro e que estão crescendo nos últimos anos, bem como negócios que utilizam créditos de carbono e discussões sobre agricultura sustentável. “Problemas que vêm com mudanças climáticas podem ser resolvidos com pesquisa em biotecnologia. A pandemia trouxe a valorização da saúde, e o Brasil pode exportar não só volume, mas também qualidade”, avaliou.
Já Carlos Joel da Silva ponderou que, para criação e utilização correta destas novidades, as pessoas devem ser capacitadas. “Isso veio para ficar, os produtores terão de aprender a lidar com estes recursos para crescer”, ponderou. No entanto, o dirigente enfatizou dificuldades para se atingir um cenário mais conectado em curto prazo. “Para melhorar nosso comércio, temos de aprimorar a rede elétrica, que hoje é de péssima qualidade no Estado”, afirmou. Ele ainda falou sobre os altos custos de produção, que impactam o produtor mesmo com a queda do dólar: “a solução está na diversificação de culturas”, finalizou.
Fonte: Ascom Federarroz