As festividades em honra a Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade de Tapes, iniciaram na noite do dia 08, sexta-feira com a novena, a cada noite um Padre convidado celebrou a missa, completando as nove celebrações na noite de sábado dia 16, feriado na cidade.
Sempre após a missa foi realizado um jantar, patrocinado por uma empresa e a cada noite um cardápio diferente, neste ano foram o Sindicato Rural de Tapes, SICREDI, Duda gás, Amigos do Dietrich, Família Salatti e Pinzon, Conectsul, Grupo Motociclistas e RS Veículos.
No domingo pela manhã aconteceu a missa e a procissão com a imagem da nossa padroeira, chegando no Salão Paroquial, onde aconteceu a Grandiosa Festa, o almoço feito por voluntários teve churrasco, galeto, porco, ovelha, salsichão e demais acompanhamentos e saladas. Após um animado baile embalado pela Banda Estação G3 de Sertão Santana, e o tradicional “aviãozinho” que foi recuperado para animar e distribuir os brindes arrecadados no comércio. Todas as atividades transcorreram com tranquilidade deixando a comissão organizadora e os festeiros muitos satisfeitos onde na oportunidade agradeceram a todos que colaboraram e participaram das festividades neste ano de 2022.
Acima Fotos de Patrick Rebello
História: Nossa Senhora do Carmo, a padroeira de Tapes
Mais de 200 anos atrás, com a doação da Sesmaria ao Capitão Manoel José de Alencastre, um Orago tem acompanhado o desenvolvimento deste lugar.
Segundo o costume católico, um patrono, orago ou padroeiro é um santo a quem é dedicada uma localidade, uma profissão específica, associação, animal ou templo. Na legislação que estabelece a simbologia associada às freguesias portuguesas, surgem, frequentemente, menções aos oragos dessas freguesias.
Pesquisando o passado, através de artigo de Colmar Hoffstaeter, sabemos que no ano de 1855, Dom Feliciano Prates, teria autorizado o Tenente-Coronel Patrício Vieira Rodrigues, à construir uma Igreja ou Capela em suas terras, pois havia se desenvolvido um povoado naquele período junto a fazenda do Carmo.
Patrício faleceu em 1859, morto por causa de uma aranha venenosa que lhe picou o lábio, e não sabemos se Dona Brígida Maria Calderón Vieira, teria construído tal capela em honra a Nossa Senhora do Carmo, conforme havia sido autorizado por Dom Feliciano.
Sabemos por documentos na imprensa, que entre 1900 e 1910, a área da igreja de 1922, já havia sido doada a Cúria da Igreja católica pela mesma Dona Brígida.
Em 1901, no artigo de jornal “A Povoação dos Tapes”, descobrimos não haver ainda uma “egreja” na comunidade à beira da lagoa dos Patos, mas já em 1914, é citada a existência noutro documento.
“A flluencia das cargas n’aquelle ponto, destinadas ás três cidades citadas e ás de Jaguarão e Santa Victoria, foi movimentando o povoado, que, nos ultimos seis annos, augmentou consideravelmente, tendo hoje numerosos predios novos, outros em construção, em ruas largas e bem alinhadas, um engenho a vapor para soccar herva-matte, varios estabelecimentos commerciais, pensando-se também na construção de uma egreja.”
A imagem da igreja no centro da Praça, considerada a primeira igreja da cidade em devoção a Nossa Senhora do Carmo, é na verdade a segunda igreja construída nas terras da fazenda do Carmo, depois porto, e por fim cidade.
Numa publicação de 1928, numa Memória deixada pelo ex-prefeito Adylles Peixoto, cita a existência de uma Igreja entre 1901 e 1922.
“Tapes, povoado de Dôres de Camaquam, á margem da Lagoa dos Patos. Liga-se a Porto Alegre por uma linha de navegação. Ilha na Lagôa dos Patos, onde vão se abrigar os navios acossados pelos ventos norte. Conta 80 prédios. Capella dedicada á N. S. do Carmo.”
Essas informações e dados foram extraídas pelo Adylles para sua Memória doutra publicação. A informação consta no “Diccionario Geographico, Histórico e Estatistico do Rio G. do Sul, publicado em 1914 – por Octavio Augusto de Faria”.
A Igreja da praça, da qual temos imagens de 1927, foi construída em 1922 e demolida em 1952, após a conclusão e inauguração da nova igreja matriz.
Lamentavelmente ou por conta da falta de tecnologia na época, uma imagem da primeira igreja/capela não existe.
Em 1951, foi inaugurada a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, em 16 de julho daquele ano, com grandes festividades ocorridas na cidade.
Com a presença de altas autoridades foi realizada a benção da igreja interna e externamente, tendo em seguida o sr. Arcebispo Metropolitano sido saudado pelo dr. Montenegro Barbosa, que em belas palavras enalteceu a grande e feliz realização da obra do novo templo.
- Vicente Scherer, encerrou a cerimônia com palavras carinhosas aos habitantes da cidade.
Logo após, foi rezada a Missa solene na nova Matriz, tendo o coro sido acompanhado pela Banda do Pão dos Pobres de Porto Alegre. Ainda pela manhã, foi ministrado o Sacramento do Crisma a inúmeras pessoas.
A tarde, realizou-se, encerrando-se a parte religiosa, uma bela e concorridíssima procissão. Na praça junto à igreja, realizaram-se animados festejos populares, que tiveram a concorrência de grande massa popular.
Como se observa, em vários fragmentos colhidos, existem muitos séculos de veneração à esta santa em na comunidade, esta Nossa Senhora do Carmo, que desde a sesmaria do capitão Alencastre, passando pelo período da grande fazenda do coronel Patrício, se estendendo no tempo do porto dos Tapes, então distrito de Dôres de Camaquã, seguindo no período da mudança de sede, quando se registra em 1927, a imagem da Igreja no centro da praça Ypiranga, hoje praça Rui Barbosa, até a nova Matriz inaugurada em 1951.
Assim, neste dia 16 de julho de 2022, mais uma vez o povo e os devotos da Santa Padroeira, comemoram a sua santa, aquela que deu força e manteve a fé de seus fiéis por séculos nestas terras, que foram abençoadas por Deus e são protegidas pela Mãe de Jesus Cristo.
Informações Históricas / Julio Wandam
Centro de Estudos Sociais e de Conservação do Patrimônio Histórico de Tapes