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Cerro Grande do Sul
quarta-feira, maio 8, 2024

Fumicultores contabilizam os prejuízos pela falta de luz

Foi-se o tempo que as estufas de secagem de fumo utilizavam apenas a energia da lenha queimada e da força do produtor que abastecia as fornalhas. Com a modernização do cultivo os novos sistemas de cura e secagem das folhas dependem também da energia elétrica e quando ela falta no meio do processo gera grandes transtornos aos agricultores.

Há anos que este problema tem sido recorrente na região, o que fez inclusive muitos produtores investirem na aquisição de geradores à diesel, que são utilizados nas emergências, contudo grande parte não têm a capacidade financeira pra tal investimentos, e para estes resta torcer para que não ocorra nenhum imprevisto com a rede elétrica enquanto realizam a colheita.

Infelizmente uma série de fatores contribui para o contrário e não são poucos os casos de prejuízos causados pela interrupção no fornecimento de energia elétrica, justamente quando o tabaco precisa receber a química correta que vai definir a qualidade final do produto e consequentemente o valor de mercado.

O período de colheita coincide com o verão, época em que o consumo de energia é maior, fator que aliado a uma infraestrutura energética antiga e deficiente contribui para os frequentes colapsos no sistema. Outro fator que põem em xeque o abastecimento de energia são as plantações de árvores exóticas (matos de acácia e eucalipto) próximo às redes, por isso seguidamente árvores caem sobre os fios, sobretudo pela ação do vento, ou mesmo por derrubadas inconsequentes, deixando centenas de usuários empenhados.

O sucateamento da CEEE nos últimos anos com a falta de investimentos de sucessivos governos só piora o problema, pois a falta de estrutura de trabalho e de material humano limitam as ações e aumentam o tempo de resposta às ocorrências, o que atrasa o restabelecimento da energia que chega a faltar por dias em algumas comunidades.

Na localidade de Linha Espanhola, interior de Cerro Grande do Sul, o produtor Dionatas Riff contabiliza os prejuízos que teve com a última falta de luz, na última segunda-feira, 16 de dezembro, quando o transtorno durou quase 24 horas. A secagem do fumo que estava na estufa foi interrompida, o que deixou as folhas completamente manchadas e comprometeu a classe do produto. Ele estima que soma da queda de preço de comercialização aliada ao gasto extra para finalizar o processo de secagem chegue entorno dos R$ 7.500,00 (Sete mil e quinhentos reais). Pra comparar o produtor mostra as fotos do fumo que teve a secagem correta, sem interrupção.

Fumo que teve a secagem sem interrupção

Dionatas disse que juntou os protocolos dos comunicados de falta de energia e deverá chamar um técnico agrícola para produzir um laudo técnico e então acionar a CEEE para tentar ter pelo menos parte deste valor ressarcido.

“Além de todo o problema que isto gera no nosso trabalho ainda tem a incomodação de procurar advogado e gerar um processo pra tentar reaver o prejuízo que nos foi causado”, reclama o produtor.

Em Raia do Ipê, também em Cerro Grande do Sul, a energia faltou no último domingo, 15 de dezembro e só foi restabelecida definitivamente na quarta-feira (18). Pra evitar um prejuízo tão grande com a secagem do fumo o produtor Cristiano Ramos de Freitas, precisou utilizar o gerador acoplado ao trator, que nos três dias ligado consumiu mais de 200 litros de diesel, cerca de R$ 750,00 de custo extra.

Os dois casos são exemplos de uma realidade enfrentada pelos produtores da região que além de sofrerem com as condições climáticas ainda têm que lidar com a deficiência do serviço público e a morosidade da justiça quando reclamam seus direitos.

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Cicero Omar da Silva
Cicero Omar da Silva
Chefe de Redação e Departamento de Vendas Portal ClicR e jornal Regional Cel/Whats: 51 99668.4901

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