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sexta-feira, abril 26, 2024

Japonês fica escondido na selva por 30 anos sem saber do fim da 2ª Guerra

Nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, em dezembro de 1944, um tenente do Exército japonês chamado Hiroo Onoda foi transferido para Lubang, uma minúscula ilha nas Filipinas.

Semanas após sua chegada, um ataque americano forçou os combatentes japoneses a se refugiar na floresta. Mas, diferentemente da maioria dos seus companheiros, Onoda permaneceu escondido na ilha por cerca de 30 anos.

O governo japonês declarou Onoda como morto em 1959, mas, na verdade, ele estava vivo — e se dedicando a uma missão secreta confiada a ele: de proteger a ilha até o retorno do exército imperial. Ele estava convencido, todo o tempo, de que a guerra não havia acabado.

Quando voltou ao Japão, em 1974, Onoda foi recebido como herói. Ele foi o último soldado japonês a voltar da guerra para casa. Seu livro de memórias, publicado pouco depois, foi um best-seller.

Agora, sua experiência foi contada no filme épico, com três horas de duração, Onoda: 10 Mil Noites na Selva, de Arthur Harari, que foi aclamado pela crítica e é motivo de polêmica desde sua estreia no Festival de Cinema de Cannes, na França, em 2021. O filme entrou em cartaz no Reino Unido e na Irlanda em 15 de abril, e sua estreia no Brasil está prevista para agosto de 2022.

BATHYSPHERE Após a morte do seu colega Kinshichi Kozuka, Onoda permaneceu escondido, sozinho, por mais 18 meses imagem filme de Harari

Onoda não foi o único soldado que teve dificuldade de acreditar que a guerra havia terminado. Na verdade, vários grupos japoneses continuaram lutando por muito tempo depois da rendição do país.

Em 1951, por exemplo, 21 soldados foram cercados na ilha de Anatahan, nas Marianas do Norte. O soldado nipo-taiwanês Teruo Nakamura permaneceu na floresta por 29 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, na ilha de Morotai (hoje pertencente à Indonésia). E Shoichi Yokoi ficou escondido na selva da ilha de Guam até 1972, quando revelou que sabia que a guerra havia acabado há mais de 20 anos — mas estava muito assustado para se entregar.

A principal diferença, é que muitos outros soldados japoneses remanescentes da guerra “encontraram formas de viver no país anteriormente ocupado” e chegaram até a formar família, em alguns casos. Já Onoda “recusou-se a viver em colaboração com os habitantes [de Lubang]”.

A guerra acabou logo em seguida, mas Onoda e outros três recrutas que permaneciam ao seu lado não acreditaram nas notícias, dando como falsos os folhetos lançados sobre Lubang para informar os militares isolados sobre a rendição do Japão em 15 de agosto de 1945.

Eles continuaram escondidos na selva, entre cobras e formigas, alimentando-se de cascas de banana, cocos e arroz roubado para sobreviver, convencidos de que o inimigo estava tentando matá-los de fome.

Onoda escreveu nas suas memórias que, até 1959, ele e seu companheiro Kinshichi Kozuka haviam “desenvolvido tantas ideias fixas que éramos incapazes de compreender qualquer coisa que não se adaptasse a elas”.

GETTY IMAGENS Hiroo Onoda, deixando a floresta de Lubang em 1974, onde ficou escondido por cerca de 30 anos

Kozuka acabou morto por tiros disparados pela polícia local em outubro de 1972, mas Onoda permaneceu sozinho na ilha por mais 18 meses, até que um encontro com um excêntrico explorador japonês de nome Norio Suzuki resultou em um acordo. Se Suzuki conseguisse trazer o comandante de Onoda para Lubang com ordens diretas para que ele depusesse as armas, ele obedeceria.

A missão de Suzuki foi um sucesso, e a guerra de Onoda chegou ao fim em 9 de março de 1974.

Por: James Balmont / BBC Culture

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Redação CLICR
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