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segunda-feira, novembro 18, 2024

Jovem de Barão do Triunfo se destaca no cultivo de cactos

Fáceis de cuidar e muito charmosos, assim são os cactos e suculentas que caem cada vez mais no gosto popular. Este ramo de negócio de flores e plantas vem cada vez mais crescendo e se consolidando como uma atividade econômica relevante no país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), alguns produtores chegaram a registrar aumento de até 20 % nos negócios deste setor, esta informação foi publicada no começo deste ano pelo Portal do Agronegócio.

Contudo este segmento de atividade é pouco explorada aqui na região, mas no interior de Barão do Triunfo na localidade de Boca do Campo, o jovem Maikel Bonilha Gaitkoski, tem ganhado destaque pela sua plantação de cactos. Maikel falou com o Jornal Regional e contou um pouco do seu gosto pelas plantas.

Com 28 anos, Maikel é Bacharel em Biotecnologia (Universidade Federal do Pampa), com período sanduíche na Maynooth University (Irlanda), Mestre em Biociências e Biotecnologia (Instituto Carlos Chagas – FIOCRUZ) e está fazendo Especialização em Biotecnologia (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul).

Maikel cultiva dois grandes grupos de plantas, que são os cactos (Família Cactaceae), e as Stapeliads (Família Apocynaceae), contudo, todas são consideradas plantas suculentas. Suculenta é todo tipo de planta capaz, de alguma forma, armazenar água em tecidos especializados (folhas, raízes, caule …). E são, em grande maioria, nativas de regiões onde há escassez de água em algum período do ano.

Questionado sobre como começou seu interesse pelas plantas, Maikel disse que o interesse surgiu ainda na infância entre seus 6 ou 7 anos, quando, por influência da sua irmã mais velha que mantinha algumas plantas por hobby, teve curiosidade de saber mais sobre o cultivo das plantas.

“Por volta de meus 10-11 anos, com a chegada da conexão com a internet em áreas rurais, comecei a ter contato com colecionadores de todo o país e a descobrir que a variedade de espécies e formas era muito maior do que eu até então conhecia. A partir daí, comecei a realizar trocas e compras de sementes e mudas. Desde então, não parei de cultivar e estudar sobre a biologia e cultivos das plantas suculentas” recordou.

Com interesse de buscar novas espécies e novas variedades para cultivar, Maikel já esteve em várias cidades brasileiras e também já viajou para outros países.

“Em 2018, estive na África do Sul. O continente africano é o berço de origem da maioria das espécies de plantas suculentas conhecidas. A viagem teve como objetivo conhecer colecionadores e produtores locais para entender suas técnicas de cultivo e poder aplicá-las aqui no Brasil” disse.

Em sua estufa, Maikel diz ter entre 600 e 800 plantas diferentes, entre espécies, variedades e formas distintas. As suas plantas cultivadas são nativas das mais diversas áreas.

“Cactos e muitas outras suculentas são nativos do continente americano, sendo encontrados desde o Canadá até o extremo sul da América do Sul. O Brasil e o estado do Rio Grande do Sul constituem algumas das áreas de maior importância para a diversidade de cactos no mundo. Acredito que muitos dos leitores já se depararam com algumas plantas nas áreas rurais da nossa região. As demais suculentas, no caso as Stapeliads, são predominantemente nativas do continente africano, mas são também encontradas na Península Arábica, no sul da Europa e em partes da Ásia, como na Índia. As espécies que tenho foram adquiridas por meio de trocas e compras de sementes e mudas com outros colecionadores e produtores”, apontou.

Os cuidados

Para poder ter controle da rega e proteger da geada nos meses mais frios do ano, as plantas são mantidas em uma estufa. É possível cultivar boa parte das espécies sem uma estufa, contudo, é preciso proteger as mesmas da chuva quando esta for excessiva e durar por muitos dias. O excesso de umidade por um tempo muito longo é a principal causa de morte destas plantas, uma vez que a umidade promove o desenvolvimento de pragas, principalmente as infecções causadas por fungos.

Gaitkoski complementa dizendo que é mito a concepção popular de que algumas suculentas não gostam de água. Segundo ele, todas gostam e precisam de uma rega abundante nos meses em que elas estão com o crescimento ativo (meses em que a temperatura varia de mais quente para amena, como na primavera e outono), mas Maikel destaca que algumas espécies preferem crescer no inverno.

“As regas devem ser abundantes e espaçadas, permitindo que o substrato seque totalmente entre uma rega e outra. Para tal, o substrato deve ser poroso, para permitir que o excesso de água prontamente saia pelos furos do vaso” explicou.

Pelo fato de o cultivo ser predominantemente em pequena escala, apenas o excedente é comercializado. As vendas são feitas, em sua maioria, pela internet.

Planos para o futuro

Em relação a este tema, Maikel diz pretender aos poucos ir expandindo a produção de mudas e formar um viveiro comercial e para isso está fazendo uso e aprimorando ferramentas da sua formação em Biotecnologia para tornar possível o cultivo de espécies ainda pouco exploradas no país. A técnica é chamada de cultura de tecidos vegetais, que permite a produção de plantas de difícil cultivo mais rápida e comercialmente viável.

“Acho que é importante mencionar que, ao buscar espécies para a coleção, as pessoas devem buscar produtores que de fato cultivem as espécies e não façam a coleta ilegal na natureza. A coleta ilegal é hoje uma das principais causas da extinção destas plantas na natureza. Nossa região é o lar de algumas espécies de cactos, como Notocactus linkii, Notocactus ottonis, Notocactus langsdorffii e Frailea gracillima. Ao encontrar estas plantas na natureza, não as colete. Deixe-as na natureza, onde elas desempenham um importante papel no equilíbrio ecológico da nossa região. Caso queira ter as mesmas em cultivo, basta buscar por produtores locais, estas espécies são facilmente encontradas à venda” concluiu.

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Redação CLICR
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