Como já vos dissemos há uns dias, Apple Music Classical já está muito perto de estrear. Fá-lo-á no próximo 28 Março, e todos os utilizadores de iOS que o desejem já podem “pré-comprar” a app (Coloco entre aspas porque é grátis), que será baixado automaticamente para seus dispositivos quando estiver disponível, em pouco mais de duas semanas. No momento não vimos uma versão dele para Android, então talvez a Apple tenha decidido que esta experiência é exclusiva para usuários iOS, embora eu entenda que isso pode irritar alguns usuários Primephonic.
A app que vai dar acesso ao catálogo de música clássica da Apple chega com atraso face ao inicialmente previsto, pois lembramos que a Apple, ao efetuar a compra da Primephonic, afirmou que esta app exclusiva seria lançada em todo 2022. O provérbio diz, nesses casos, que nunca é tarde se a felicidade é boa. Claro, no momento só sabemos o que a Apple nos disse na guia do aplicativo Apple Music Classical na App Store. E a verdade é que o avanço é promissor, embora tenhamos que esperar para poder testá-lo para fazer uma avaliação real do serviço.
Lembremos, porém, que o catálogo de música clássica da Apple é totalmente acessível a partir do Apple Music , algo que tem levado alguns a se perguntarem se não seria necessário criar um app específico para esse gênero musical. Por que Apple Music Classical e não outras versões específicas para os gêneros musicais mais ouvidos? Apple Music Rock, Apple Music Jazz, Apple Music Urban… certamente cada um deles encontraria um bom punhado de usuários incondicionais.
Há quem afirme, com bastante sensatez, que o principal motivo para isso é atender a demanda de antigos usuários do Primephonic. Isso, claro, é verdade, mas não é que os usuários do referido serviço queiram ter um app específico por elitismo ou motivos semelhantes (cheguei a ler que é porque poderiam se ofender se entre os resultados de suas buscas poderia esconder, por exemplo, o sucesso mais recente de Rosalía, algo verdadeiramente absurdo). Não, o motivo de processar um aplicativo como o Apple Music Classical é que, na verdade, é mais do que necessário .
Para entendê-lo, é necessário entender as diferenças entre a música clássica e outros estilos musicais. Digamos, por exemplo, que você queira ouvir Whole Lotta Love do Led Zeppelin. Simples, certo? Você só terá que escrever a música e o grupo na caixa de pesquisa, a música que você estava procurando aparecerá imediatamente e você poderá começar a ouvi-la. E o mesmo com Delirium of grandiosidade de Rosalía, Telegraph Road de Dire Straits, Al son de una guerra de Nena Daconte e Never let me down again de Depeche Mode.
Não é o mesmo se você está procurando, digamos, o Stabat Mater de Pergolesi, o Adagio for Strings de Samuel Barber ou o sempre presente Canon de Pachelbel. Qualquer uma dessas pesquisas retornará uma enorme lista de resultados sem um critério específico de ordenação, exceto, em alguns casos, a popularidade de cada uma dessas versões. Diferentes intérpretes, diretores, estúdio e gravações ao vivo… Convido você a rever, por exemplo, o número de versões do Adagio de Albinoni em qualquer uma das principais plataformas.
Assim, existem dois aspectos que serão essenciais para o sucesso do Apple Music Classical: gerenciamento de catálogo e curadoria de conteúdo . A Apple deve oferecer uma pesquisa direta e uma experiência de navegação no catálogo que atenda a critérios diferentes dos outros gêneros musicais no Apple Music. Um critério que deve caber como uma luva na singularidade deste gênero, algo que você só conseguirá se tiver somado todo o feedback da comunidade e uma lista de editores verdadeiramente notável.
Se eles fizeram certo, o Apple Music Classical pode ser tanto o app que os amantes da música clássica esperam, quanto um número significativo de usuários que gostariam de aprender mais sobre o gênero, mas por enquanto só tem algumas listas dos estilo de “As 2022 peças de música clássica que você deve ouvir antes de morrer”. Será que eles conseguiram? Saberemos em pouco mais de duas semanas .
O post O que esperamos do Apple Music Classical? foi publicado pela primeira vez no CLICR.
