A agricultura familiar responde por cerca de 70% dos alimentos consumidos em todo o País, sendo responsável por mais de 80% dos empregos gerados no campo, o que evidencia a importância desse segmento na geração de trabalho e renda e também na contenção do êxodo rural.
Em nossa região, grande parte das propriedades rurais pertencem a agricultores familiares que ao contrário de outras regiões do País desenvolvem a monocultura, ou seja, tem como sua principal fonte de renda apenas uma atividade, caso da fumicultura ou a produção de arroz.
Nestes últimos anos muitas pautas governamentais e econômicas estão deixando a classe perplexa diante de um cenário que traz incertezas para o meio rural. Visando saber como as entidades representativas estão tratando este cenário, o Jornal Regional conversou com Romildo Oliveira da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sentinela do Sul e Tapes, empossado em maio com a nova diretoria para o quadriênio 2018 a 2022. A entidade completou no último dia 04 de junho 51 anos de fundação e conta atualmente com cerca de 700 agricultores associados.
A sede do sindicato fica situado na Rua Joaquim Rodrigues Barbosa, centro de Sentinela do Sul, e oferece atendimento de dentista, ortodontista, oftalmologista, entre outras prestações de serviços. Em Tapes, a entidade sindical mantém uma extensão de base na Rua Flores da Cunha, número 625, centro da cidade.
Confira a entrevista:
Regional – A reforma previdenciária proposta pelo governo ainda corre o risco de ser aprovada. O que afetaria os agricultores se ela for aceita e qual a posição do sindicato referente a proposta do governo?
Romildo – A reforma previdenciária corre um grande risco de acontecer. Porém nós da Força Sindical estamos de olhos bem abertos e preparados para defender os direitos já adquiridos pelos nossos movimentos, já foram muitas as conquistas, mas estamos sempre a lutar por novos, a reforma sendo aprovada afetaria muito a vida de cada agricultor e agricultora e até do município onde deixaram de aposentar 100 agricultores em um ano são em media 1,4 milhões de reais que deixam de circular no município, para o município que tem como base principal a agricultura este impacto será muito grande, sendo assim o sindicato está sempre de portas abertas para dar atendimento a este público, assim orientando a manter seus blocos em dia com a prefeitura e receita estadual, emitindo uma ou mais notas por ano, pagando suas contribuições fiscais, mantendo seu sindicato em dia, e se identificar em qualquer órgão que a sua profissão é agricultor/agricultora, fazendo assim sempre mantendo sua atividade reconhecida e sempre que precisar procurar o sindicato para eventuais dúvidas.
Regional – Os fumicultores encontram dificuldades durante a negociação. A maioria para saldar dívidas ou até mesmo para a subsistência da família precisam vender o seu produto para atravessadores (picaretas), por preços abaixo de mercado. Por sua vez os atravessadores conseguem junto a estas mesmas empresas fumageiras valores que muitas vezes não são pagos ao produto vindo diretamente dos agricultores. Por que isto ocorre, e qual a orientação passada pelo sindicato?
Romildo – Há muitos fumicultores que enfrentam dificuldades na hora de negociar seu produto com as fumageiras, mas o sindicato junto à federação está se reunindo com as empresas fumageiras para fazer um acordo para que comecem a comprar fumo mais cedo no início do mês de dezembro para que os agricultores consigam ter um dinheiro em mão para pagar suas despesas com a lavoura e despesas pessoais, pois tem companhia fumageira que começa a comprar fumo só em fevereiro do ano seguinte.
Regional – A diversificação de culturas nas propriedades é uma alternativa encontrada por muitos agricultores para equilibrar as finanças da família e não depender somente de uma cultura para a subsistência. De que forma o sindicato incentiva ou orienta os agricultores?
Romildo – A diversificação é uma alternativa muito importante, pois os agricultores podem produzir o seu próprio alimento, sabendo assim o que estão consumindo: Produtos colhidos na hora certa e sem agrotóxicos, onde até mesmo, muitas vezes, sobram para vender para outros produtores ou até vizinhos e assim agregando a renda individual e familiar. Uma das opções para aderir a esta diversificação é a Linha de Crédito – Pronaf, que você pode procurar a se informar no sindicato.
Regional – Fale da importância do sindicato para a sociedade agrícola e quais os desafios da entidade para os próximos anos?
Romildo – O Sindicato é uma ferramenta de luta que o (a) agricultor (a) e aposentado (a) rural têm para defender seus direitos e auxiliar na sua trajetória, muitas vezes até contra o governo que sempre quer tirar dos menores, ou seja, dos nossos trabalhadores que ganham em até um salário mínimo com os impostos absurdos, e a nossa luta é por um país mais justo, com os preços de venda dos produtos produzidos na agricultora mais valorizados subindo em porcentagem juntamente com os insumos, combustíveis, industrializados, etc, nossos próximos desafios é manter-se firme juntamente com a Contag e Fetag , para sempre estar atualizado e informado para poder repassar informações e ajudar os agricultores.