Som alto, pegas de carros e motos, jovens aglomerados em plena pandemia, embriagados, usando drogas e até armados. Esta é a lista de reclamações que encorpam um documento encaminhado ao Ministério Público por moradores do centro da cidade de Tapes que reclamam da perturbação do sossego até altas horas da noite e madrugada afora.
Ainda segundo a denúncia toda essa movimentação ocorre no entorno da praça Rui Barbosa, sobretudo aos finais de semana. O documento destaca também que a Brigada Militar quando acionada tem feito abordagens, mas que nem a ação da polícia tem conseguido resolver o problema efetivamente, uma vez que ao perceberem a aproximação da viatura policial os infratores se dispersam e abaixam os volumes dos sons automotivos, mas que basta os brigadianos se afastarem para baderna recomeçar.
O comandante do pelotão de Tapes, tenente Luís Veríssimo da Rosa esteve na manhã desta terça-feira, 06 de julho, participando do programa da Rádio Mocó, emissora web local explicando o que vem ocorrendo e como tem sido o trabalho da Brigada Militar para coibir estas práticas delituosas e/ou criminosas.
Veríssimo iniciou destacando que durante a Operação Golfinho na cidade quando o pelotão ganha reforço de 15 a 16 policiais militares a quantidade de ocorrências diminui, comprovando que o número maior de efetivo reduz drasticamente todos os tipos de crimes.
Ele destacou ainda o trabalho que vem sendo promovido permanentemente pelo efetivo local e pela polícia civil, com importantes prisões, inclusive de traficantes de drogas, mas que infelizmente o tráfico segue ocorrendo e que isso não é uma exclusividade de Tapes.
“Esse consumo de drogas é incrível. Eu fico admirado como os jovens procuram os entorpecentes […] tem muita coisa melhor pra aproveitar na vida do que estar estragando a tua saúde com drogas. Quando eu falo drogas não é só maconha, cocaína ou crack, mas também o álcool e o cigarro. São tantas campanhas divulgando os malefícios de todo o tipo de droga e os jovens continuam entrando nessa barca furada”, lamentou o policial.
O comandante seguiu falando do trabalho da Brigada Militar e dos gargalos enfrentados pela corporação, apontando entre eles a falta de um plantão 24 horas da Polícia Civil na cidade que ocasiona a necessidade de deslocamento a Camaquã sempre que é preciso apresentar um preso ao delegado de polícia, conforme determina a legislação.
“Veja o tempo que leva pra ir e voltar a Camaquã, além de entrar na fila de atendimento de uma delegacia que é regional e que atende a demanda de diversos municípios do entorno”, explicou.
O tenente voltou a mencionar a deficiência no quadro pessoal, quando destacou que o pelotão de Tapes responde ainda por Sentinela do Sul e Cerro Grande do Sul, municípios onde os efetivos são insuficientes para manter plantões 24 horas e que por vezes é preciso deslocar uma guarnição de serviço para atender ocorrências nestas comunidades.
Veríssimo disse que entende as críticas, mas garante que não existe nem um tipo de negligência ou descaso com a população e reclamou do que chamou de denuncismos no Facebook ou grupos de WhatsApp. Sublinhou ainda que a demanda muitas vezes é maior que a capacidade de atendimento.
“Eu sempre digo que o endereço da Brigada Militar não mudou. Quem quiser fazer alguma denúncia saiba que estamos lá no pelotão […] Às vezes acontece de chegar duas ou três situações ao mesmo tempo e a gente tem que escolher qual atende primeiro”, revelou.
O comandante lamentou também o fato de que muitos criminosos que são presos acabam voltando para as ruas por conta do que permite a legislação brasileira e isso contribui para o retrabalho policial.
Das perturbações do sossego no centro da cidade reiterou que a Brigada Militar não age simplesmente combatendo aglomerações, mas que vai continuar coibindo os excessos e agindo com bom senso na medida do possível.
O tenente disse que é preciso considerar o fato de que os jovens estão há cerca de dois anos reprimidos de suas atividades sociais em função da pandemia e que é impossível impedir que haja reuniões, por isso é preciso um controle, porém o cuidado nas ações.
“Tem que agir pelo bom senso. Os jovens gostam de curtir uma festa. ‘Ah, mas estamos em pandemia e isso é um absurdo’. Entendo que é um absurdo, mas a gente tem que se colocar no lugar deles. É complicada essa situação. Os jovens vão se reunir. O problema é a grande concentração de pessoas e o barulho do som automotivo. Quatro carros com som ligado ao mesmo tempo. As pessoas não conseguem se entender. Eles pensam que vai ficar por isso mesmo? É claro que as pessoas vão denunciar. E quem vai estar à frente disso pra tomar providência é a Brigada Militar”, concluiu o tenente.