Ao encerrar o ano de 2023, a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) surpreendeu alunos e professores ao anunciar o encerramento de todos os seus programas de pós-graduação stricto sensu. A decisão afeta os cinco cursos de mestrado e quatro de doutorado oferecidos pela instituição, com a peculiaridade de não admitir novos alunos a partir de 2024. Cerca de 65 professores foram demitidos, incluindo 50 de campi localizados no Rio Grande do Sul.
A Ulbra, que abriga PPGs em áreas como Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde, Educação, Ensino de Ciências e Matemática, Odontologia, e Promoção da Saúde, Desenvolvimento Humano e Sociedade, comunicou a decisão por meio de um e-mail enviado à comunidade acadêmica. A Aelbra, mantenedora da universidade, justificou a medida como parte de um “projeto de reestruturação organizacional implementado pela nova gestão”, buscando sustentabilidade e equilíbrio econômico.
O anúncio ocorreu um dia após a aprovação de um novo plano de recuperação judicial, no qual a venda do curso de Medicina foi retirada dos ativos a serem liquidados. A estudante de doutorado em Odontologia, Elisa Coelho, expressou surpresa diante da situação, especialmente após um processo seletivo para novos alunos ter ocorrido normalmente no semestre atual.
Elisa ressaltou que a decisão afeta diretamente aqueles que planejavam continuar suas pesquisas, deixando-os sem opções. A Aelbra assegurou que os alunos atualmente matriculados terão a garantia da conclusão de seus cursos sem prejuízos acadêmicos, comprometendo-se a pagar imediatamente as rescisões resultantes das demissões.
O Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) está acompanhando de perto a situação dos docentes demitidos, realizando reuniões para entender o impacto nos cursos. Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS, destacou a desativação progressiva dos PPGs e lamentou a recorrência de demissões na Educação Superior.
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) observou que o caso da Ulbra se junta a outras descontinuidades de programas de pós-graduação em instituições como Unisinos e PUCRS, indicando uma crise na Educação Superior, particularmente em instituições comunitárias. A ANPG defendeu a necessidade urgente de um plano de reestruturação e disponibilizou sua ouvidoria para orientar estudantes em possíveis medidas judiciais diante de eventuais prejuízos acadêmicos causados pelas demissões.
