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Cerro Grande do Sul
sexta-feira, novembro 8, 2024

Um ano letivo ameaçado pelo coronavírus

Entre os diversos impactos causados pela pandemia do coronavírus, o ano escolar de milhares de estudantes também deverá ser afetado.

Desde o dia 19 de março a maioria das escolas, tanto da rede estadual como municipal suspenderam as aulas presenciais e, de acordo com o último decreto do governo do estado neste sentido, devem continuar suspensas até o dia 30 de abril, no mínimo e nada garante que a medida não seja prorrogada, o que prejudicaria ainda mais a qualidade do ensino.

Rede estadual está ensinando à distância

Jovem estudante realiza as atarefas em casa

A rede estadual adotou o sistema de aulas programadas pra compensar o ensino presencial, uma metodologia que envolve diversos recursos pedagógicos e tecnológicos que escolas dispõem, incluindo plataformas digitais e aplicativos variados, incluindo mensagens de WhatsApp ou Facebook, compartilhamento de arquivos de áudio e vídeo, por e-mail, por salas virtuais ou até mesmo pela entrega presencial de materiais didáticos nas áreas rurais.

Em Cerro Grande do Sul a diretora da escola Mem de Sá, Nara Raphaelli, garante que o corpo docente e funcionários da instituição têm se esforçado para minimizar os prejuízos e garantir que os alunos tenham acesso aos conteúdos. Ela destaca que os estudantes e familiares também devem entender que o momento exige o esforço de todos.

“Os professores estão realizando atividades de várias maneiras e nós, direção, professores, vigilantes e funcionários estamos à disposição na escola pra atender a todos. É importante que pais e alunos entendam que não são férias e sim uma pandemia, por isso é preciso que haja o interesse em realizar as atividades e buscar orientações”, sublinhou a diretora.

Nesse período, os professores da rede estadual passaram por capacitação através de vídeo conferências e cursos online.

Escola do interior

Facebook é um dos canais utilizados pela escola

Em Pessegueiros, localidade do interior de Cerro Grande do Sul, na escola estadual Manoela Alves Pacheco, a diretora Fernanda Hoff Pacheco revela que foi montada uma verdadeira força tarefa para que todos os alunos recebam as atividades e sejam monitorados pelos professores. A principal ferramenta utilizada pela escola é a internet, através de grupos de WhatsApp e páginas no Facebook.

“Os professores criaram grupos em redes sociais com suas turmas e também promovemos a interação através da página da escola no Facebook, onde são postados trabalhos, vídeos, fotos e comentários de forma que todos se sintam integrados. Entendemos que é importante para a formação destes estudantes mantê-los em atividades e até mesmo para que não se prendam apenas em programas de TV e noticiários de tragédias”, concluiu Fernanda.

Nem todos os alunos possuem acesso à internet em suas casas, por isso o sinal é disponibilizado na escola para que estes estudantes ou seus familiares possam ir até a instituição para navegar e se atualizar com as atividades. A direção também promoveu uma reunião com os pais, mantendo os cuidados necessários de proteção e distanciamento, para conversar com eles a respeito das medidas e pedir o apoio e compreensão de todos.

A realidade do estudante e da família

Compreensiva, apreensiva e preocupada. Esta é a definição que se encaixa Adriana Spolavore, mãe do jovem Arthur, 16 anos, que está cursando o segundo ano do ensino médio na escola estadual Mem de Sá. Ela acredita que estas aulas presenciais farão muita falta, considerando que num futuro próximo o filho deve prestar vestibular e precisa estar preparado. Ao mesmo tempo ela diz que confia nos professores e acredita que eles estarão dispostos para auxiliarem os estudantes com suas dúvidas quando a situação se normalizar.

O garoto também está preocupado e afirma que está recebendo as atividades pela internet e realizando todas, contudo considera o material um pouco superficial e que restam dúvidas que necessitariam de um professor para um melhor entendimento da matéria.

“Sabemos que não é culpa dos professores e nem dos alunos este momento que estamos vivendo. Também que é de interesse dos próprios alunos buscar orientações, mas acredito que muita coisa já foi perdida, porém o mais importante é termos nossos filhos vivos e com saúde”, considera Adriana.

Rede municipal estuda plano de recuperação

Já as secretaria municipais de educação da região não adotaram a mesma metodologia do estado e estão se pautando pelas orientações da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação do Estado do Rio Grande do Sul (UNCME-RS) e Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) que ainda estudam medidas de recuperação das aulas.

Em nota conjunta no último dia 02 de abril, as três entidade afirmaram que estão “construindo alternativas no sentido de garantir uma recuperação de aulas que efetivamente dê condições para os profissionais da educação e para os alunos no processo educacional de forma que a interação, a ação e o acompanhamento pedagógico sejam a prioridade”.

Para a secretária municipal de Educação e Cultura de Cerro Grande do Sul e atual presidente da regional Acostadoce de Educação, Andréa Zenker, o grupo das secretarias municipais entende que as aulas à distância não contemplam a realidade das escolas municipais, sobretudo das localidades rurais, onde existem muitos estudantes sem acesso à internet. Considera também que esta forma de recuperação não daria a qualidade de ensino satisfatória.

“Mandar matéria pra casa não vai contemplar a todos, principalmente os alunos da educação infantil de primeiro, segundo e terceiro ano, em fase de alfabetização. Entendemos que esta recuperação à distância não daria significado a este aprendizado”, conclui a secretária.

O governo federal editou na quarta-feira, 1° de abril, uma medida provisória que permite que as escolas e redes de ensino não cumpram o mínimo legal de 200 dias letivos de aulas presenciais. A flexibilização vale para a educação básica e para o ensino superior.

A MP permite que, na educação básica, sejam consideradas atividades não presenciais para compor a carga horária mínima de horas aulas. No ensino médio, por exemplo é 800 horas por ano.

Cicero Omar da Silva
Cicero Omar da Silva
Chefe de Redação e Departamento de Vendas Portal ClicR e jornal Regional Cel/Whats: 51 99668.4901

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