Os pais de Cristina Giru Cardoso, 21 anos, estão um pouco mais aliviados depois que conseguiram nesta segunda-feira (23) fazer o translado do corpo da jovem de Barra do Ribeiro para o cemitério da localidade de Emboaba Ruy Ramos, interior de Sertão Santana, onde eles finalmente conseguiram acompanhar os atos fúnebres e dar um sepultamento digno aos restos mortais filha e do feto que ela carregava no ventre quando foi assassinada.
A funerária São José, de Cerro Grande do Sul, deu suporte à família para vencer os trâmites burocráticos do processo, além de oferecer como cortesia o serviço de transporte sepultamento e material utilizado no funeral, incluindo um esquife com a imagem da jovem Cristina. O ato foi uma homenagem, segundo Gilnei Robe, proprietário da funerária e velho conhecido da família.
O casal Vera e Edison, pais de Cristina, disseram que apresar da dor estão muito agradecidos com o apoio recebido e a generosidade em um momento tão difícil. Todavia eles dizem que não estão descansados, pois buscam entender o que aconteceu para que o corpo da filha fosse sepultado no município vizinho de onde moram, sem que eles fossem avisados pelos órgãos responsáveis.
Cristina morava com os pais na comunidade de Vila Pedro, em Sertão Santana, e foi vítima de feminicídio em abril deste ano, em um caso investigado e desvendado pela Polícia Civil de Barra do Ribeiro. O ex-namorado da jovem confessou tê-la assassinado depois que o corpo foi encontrado em decomposição e parcialmente carbonizado em uma lavoura no interior do município de Tapes. O homem foi preso e os restos mortais encaminhado ao Instituto Geral de Perícias para análise.
O Portal ClicR entrou em contato com a Delegacia de Polícia de Barra do Ribeiro que por meio de um servidor informou que não é responsabilidade da corporação fazer esta comunicação de liberação de corpos aos familiares e que isso cabe ao Instituto Geral de Perícias (IGP). Acrescentou que o trabalho da polícia, neste caso de feminicídio, vem sendo cumprido com êxito, inclusive com a prisão do acusado.
A redação do Portal ClicR também questionou, via e-mail, o Instituto Geral de Perícias (IGP) da decisão de sepultar Cristina em Barra do Ribeiro. O setor de comunicação do órgão respondeu o seguinte:
“o corpo de Cristina Giru Cardoso foi recebido pelo Departamento Médico-legal do Instituto-Geral de Perícias em Porto Alegre no dia 20 de abril de 2022. Em 25 de abril foi feita a identificação. O Laudo com o nome da vítima foi enviado à Delegacia de Polícia de Barra do Ribeiro, nesta data, eletronicamente. De acordo com a Instrução Normativa 01/2019, corpos identificados e não reclamados pelos familiares podem ser inumados (sepultados) pelo IGP a partir do 15º dia a partir da chegada do corpo, no município onde este foi encontrado. Portanto, o IGP apenas cumpriu o previsto nesta Instrução Normativa. O corpo foi encaminhado para sepultamento no dia 20 de maio em Barra do Ribeiro em gaveta individual e identificada”.
Tanto a família de Cristina quanto a funerária São José garantem que por diversas oportunidades entraram em contato via telefone com o Departamento Médico Legal do IGP buscando informações sobre a liberação do corpo da jovem. Vera insiste em dizer que “a história não está bem contada” e que vai seguir buscando as respostas para o que aconteceu.
Vídeo: Colaboração Funerária São José