21.8 C
Cerro Grande do Sul
segunda-feira, novembro 18, 2024

Risco de falta de fertilizantes é discutido na AL/RS

A Comissão Mista Permanente do Mercosul e Assuntos Internacionais da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul promoveu, nesta manhã, Audiência Pública para tratar da efetivação do Plano Nacional de Fertilizantes (Decreto n.º 10.991) e a ameaça de falta de insumos para o plantio da safra 2022/2023, diante do conflito entre Rússia e Ucrânia.

O Brasil importa 85% de todo o fertilizante que utiliza e a Rússia responde por 23% dessas importações. Em 2021, foram mais de 41 milhões de toneladas, o equivalente a 14 bilhões de dólares. No caso do Rio Grande do Sul, que é grande produtor agrícola e importa 30% dos insumos para a produção de seus fertilizantes da Rússia, o cenário é preocupante, sobretudo com o prolongamento do conflito, que gera apreensão para as próximas safras e abre um alerta de consequentes dificuldades de importação dos insumos conhecidos como NPK.

A Audiência Pública, presidida pela autora do requerimento, deputada Patrícia Alba, discutiu a dependência brasileira de potássio, fósforo e nitrogênio (NPK) estrangeiros, fontes alternativas de fertilizantes e formas para corrigir a vulnerabilidade da agricultura brasileira diante da dependência externa desses insumos. O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), lançado pelo Governo Federal, serve de referência para o planejamento do setor para os próximos 28 anos (até 2050), com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.

O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo defendeu a extração sustentável de minerais na Amazônia para fertilizantes, respeitando o meio ambiente e as comunidades indígenas. Para ele, a Amazônia não pode ser intocável. Já o especialista Diego Pautasso defendeu que a Petrobrás participe da cadeia produtiva de fertilizantes. “A empresa teve lucro de 44 bilhões de dólares e precisa usar esses recursos em políticas estratégicas dentro de um projeto nacional de longo prazo”, ressaltou.

Para a Secretária de Relações Federativas e Internacionais do RS, em Brasília, Patrícia Kotlinski, que participou virtualmente da audiência, a convite do Presidente da Comissão, deputado Issur Koch, o cenário é bastante preocupante levando em consideração o universo de sanções envolvendo as relações econômicas e comerciais da Rússia com o resto do mundo. Porém, garante que o Governo RS está atento a todos esses desdobramentos e, da mesma forma, vem acompanhando as negociações do Governo Federal no intuito de minimizar os impactos dessa crise que atinge o fornecimento de fertilizantes para o Brasil.

Apesar do embargo e das sanções internacionais, o fertilizante russo continua chegando e a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina chegou a declarar que o plantio da próxima safra está garantido. Pelo menos 24 navios transportando quase 678 mil toneladas de fertilizantes russos chegaram ou vão chegar aos portos do Brasil. 

Daniel Larusso
Daniel Larusso
Publicitário e jornalista. Graduado na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-RS)

RELACIONADAS