Os resultados dos primeiros laudos revelam que do total de 18 amostras avaliadas, 50% deram positivo para o uso de herbicidas hormonais. Sendo que das 9 amostras que testaram positivo, 8 são em propriedades rurais distintas.
Das 18 amostras, 4 apresentaram ainda o princípio ativo Clomazona, ou seja, teve propriedade rural que foi atingida não só pelo herbicida hormonal 2,4D mas também por outro herbicida.
O levantamento foi realizado pela Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários (Disa) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) no período de 1º de agosto a 05 de novembro. O período analisado corresponde ao início das denúncias referentes à safra de verão 2020/21.
Até o dia 05 de novembro de 2020, a Secretaria da Agricultura contabilizava 61 propriedades rurais distintas com registro de denúncias em virtude de deriva de vários agrotóxicos, sendo que nestas foram coletadas 64 amostras.
“Numa análise mais detalhada feita pela Disa, observamos que até o dia 05 de novembro deste ano, 39 propriedades rurais tinham sintomas visuais de herbicidas hormonais. Ou seja, 64% do número total de propriedades rurais que fizeram as denúncias. O levantamento final dependerá dos resultados químicos”, afirma Rafael Lima, chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da Seapdr.
Denúncias de deriva
Os dados revelam ainda um aumento no número de denúncias relacionadas com a deriva de todos os tipos de agrotóxicos. Entre 1º de agosto e 05 de novembro de 2020 foram registradas 66 denúncias, em 61 propriedades rurais, contra 36 no mesmo período de 2019, um aumento de 83%.
Agora, se forem contabilizadas apenas as denúncias relacionadas aos sintomas de agrotóxicos hormonais, foram 39 em 2020 contra 35 no ano de 2019, um leve aumento.
O número de coletas de amostras, no mesmo período analisado, teve também um aumento de 16%, sendo 55 coletas em 2019 contra 64 no ano de 2020.
Dos municípios prioritários
Nos 24 municípios prioritários, aqueles listados pelas instruções normativas no ano passado, foram realizadas coletas de amostras em 29 propriedades rurais denunciantes entre 1º de agosto e 5 de novembro de 2020. No mesmo período, no ano passado, foram 23 propriedades, registrando um aumento de 26%. Nem todas as 29 propriedades tiveram deriva de hormonais, já que houve registro do uso de outros produtos como o Clomazona, Glifosato, e Paraquate. Neste momento, a Secretaria aguarda o resultado das análises feitas em laboratório.
Além dos 24 municípios prioritários, houve ocorrência também em outras localidades, passando de 9 no ano passado para 14neste ano, um aumento de 55%. Mas, no mesmo período, em alguns municípios foramobservadas reduções no número de propriedades atingidas por deriva, como por exemplo nos municípios de Dom Pedrito, que passou de 4 (2019) para 3 (2020) e Santana do Livramento de 4 (2019) para 2 (ano de 2020).
Por outro lado, alguns municípios que não tiveram ocorrência no ano passado, no período analisado, aparecem pela primeira vez nas estatísticas deste ano, como Bagé, Cacique Doble, Itaqui, Lavras do Sul e Mata. E os municípios de Candiota e Jari, que registraram coletas em 2019, não tiveram registro neste ano.
“Essa diferença pode estar relacionada com os períodos de aplicação, podendo ter sido atrasado, ou até ter sido adiantado em alguns municípios. Ou ainda, nos municípios com redução do número de propriedades, com a conscientização e emprego de uma aplicação correta e segura”, ressalta Rafael Lima, chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da Secretaria.
O município de Jaguari, que está entre os municípios prioritários, teve até o momento 10 propriedades com registro de denúncia por deriva, representando 35,7% das propriedades atingidas nos 24 municípios prioritários. Quando se compara com o geral de propriedades, municípios prioritários e não prioritários, o percentual de Jaguari é de 22,22%.
Da análise geral dos dados preliminares
“Observamos um aumento das denúncias no geral, indicando uma maior percepção do produtor rural, que além de saber onde fazer a denúncia, sabe que terá atenção do Estado, através da Seapdr. E um pequeno aumento, quando comparados os casos de denúncias com sintomas de herbicidas hormonais, no período analisado de 2019 e 2020”, afirma o chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da Secretaria.
Para Rafael Lima, os primeiros laudos indicam uma incidência de 50% de deriva de hormonais. Mas, destaca ele, “ainda é cedo para deliberarmos qualquer conclusão, mas só o fato de metade dos laudos não terem 2,4D na amostra, criam uma expectativa positiva”.