O secretário municipal de Educação e Cultura de Cerro Grande do Sul, Júlio César Doze, ocupou o espaço da tribuna livre da Câmara de Vereadores na noite desta segunda-feira, 18 de outubro, quando rebateu as declarações feitas pela vereadora Jaqueline Bischoff (PT) na sessão ordinária anterior, do dia 04 de outubro.
Na ocasião a vereadora havia se manifestado no horário livre elencando demandas das escolas municipais Antônio José Pereira, em Data dos Tavares e José de Alencar, em Cinco Estufas, quando solicitou a atenção do Executivo municipal para que os problemas identificados por ela em visitas feitas às instituições fossem resolvidos.
O secretário revelou que após o ocorrido já havia convocado uma reunião com a vereadora, direções e professores das escolas para tratar do assunto e que decidiu apurar os atos ocorridos durante as visitas. Doze destacou que quando Jaqueline visitou as escolas, no dia 30 de setembro, ela ainda não havia sido empossada como vereadora e ainda a acusa de ter coagido crianças a falar em favor de seus interesses, os quais, segundo ele, são de cunho político partidário.
O secretário garante que existe uma série de irregularidades cometidas pela vereadora e que estas estão listadas no conjunto de documentos entregues na Câmara Municipal, junto com o pedido de cassação do mandato de Jaqueline. Disse ainda que formulou uma denúncia ao Ministério Público sobre o fato e registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil com o pedido de investigação, além de ter oficiado o Conselho Tutelar para que sejam tomadas as providências que ele entende sejam necessárias.
“Político que usa criança como escudo não merece respeito[…] Se ela tem alguma queixa que não vá procurar as crianças[…] Uma pessoa que não gosta do governo ou que é oposição ao prefeito ir lá ameaçar e constranger uma criança”, insistiu o secretário.
Sobre as demandas apontadas pela vereadora o secretário garantiu que todas já estão em processo de resolução. Ele também informou que foi aberto um processo administrativo interno pra apurar a conduta de todos os envolvidos e verificar se houve falha, negligência ou omissão.
O que diz a vereadora
Ao usar a tribuna a vereadora se defendeu das acusações e afirmou nunca ter coagido nenhuma criança, mas que apenas conversou com os estudantes para identificar seus anseios e buscar soluções.
Quanto ao fato de ainda não ter sido empossada como vereadora na ocasião da visita ela afirmou estar tranquila, pois entende que qualquer cidadão da comunidade pode reclamar melhorias nos serviços públicos e acrescentou que atualmente ocupa a vaga de vice-presidente do Conselho Municipal do Fundeb, o qual é um colegiado que tem como função principal acompanhar e controlar a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo, no âmbito das esferas municipal, estadual e federal referente a educação.
Jaqueline disse que lamenta pela postura do secretário que, segundo ela, é agressiva e tem a nítida intenção de calar opiniões contrárias, mesmo que estas venham ao encontro do bem comum.
“Lamento pela comunidade e servidores das escolas estarem passando por esse constrangimento, quando seria tão simples o Executivo se livrar desse ranço político e apenas atender aos nossos pedidos, uma vez que o próprio secretário admitiu que está buscando a resolução dos problemas nas escolas, incluindo os reparos nos prédios e o ajuste no transporte dos alunos. Ele ainda tenta se eximir das responsabilidades ao abrir uma investigação interna para e tentar transferi-las a terceiros”, completou a vereadora.
Oposição ao governo sofreu fiscalização
Enquanto editava esta matéria a redação do Portal ClicR foi solicitada a comparecer no estabelecimento comercial que pertence a vereadora Jaqueline e que trabalha com a venda de produtos agropecuários.
No local se encontrava o secretário municipal da Educação, Júlio César Doze, o qual também comanda as pastas municipais da Fazenda e Saúde. Ele estava acompanhado de equipes municipais de fiscalização tributária, sanitária e ambiental, além de uma guarnição do Departamento Ambiental da Brigada Militar, que promoveram uma vistoria geral no estabelecimento.
Questionado se o motivo da ação teria alguma relação com o desgaste político gerado pelos debates na Casa de Leis municipal o secretário negou e disse que estava apenas cumprindo um trabalho de rotina e que outros estabelecimentos seriam vistoriados.
“Nós só estamos aqui cumprindo a lei e queremos enfatizar que todos serão fiscalizados e que a lei deve ser cumprida”, pontuou Doze.
Na mesma tarde as equipes também estiveram fiscalizando um posto de combustíveis no centro da cidade que pertence a Wagner Eymael, o qual concorreu a prefeito pelo PTB, partido de oposição a atual administração.
A vereadora Jaqueline Bischoff se manifestou sobre a fiscalização, garantindo estar tranquila, uma vez que não foi encontrada nenhuma irregularidade, porém criticou a falta de isonomia e a atitude seletiva da administração referente ao ato de fiscalizar.
“Duvido que qualquer pessoa que tenha conhecimento dos fatos que vem ocorrendo no município acredite que isso tudo seja coincidência”, comentou a vereadora.
Caso semelhante
Ainda no dia 28 de setembro, o vereador Serginho Neumann (PT), que também possui um comércio na localidade de Pessegueiros, interior do município, havia recebido em seu estabelecimento as equipes de fiscalização municipal, quando chegou a ser notificado a se adequar à lei.
Naquela ocasião, na sessão ordinária do dia anterior (27/09), o vereador havia votado favorável a uma denúncia que se aprovada poderia resultar na abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que iria investigaria o prefeito Gringo referente ao contrato de aluguel de um veículo modelo Van para transportes de pacientes da secretaria Municipal de Saúde.
Questionado na tarde desta terça-feira (19) sobre a referida ação no comércio do vereador naquela ocasião o secretário Doze voltou a repetir que também se tratou de trabalho de rotina.
