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Cerro Grande do Sul
sexta-feira, abril 26, 2024

Prefeito Gringo fala sobre a CPI e as acusações de Doze

Na noite desta segunda-feira (29), durante a sessão legislativa ordinária foi protocolado na Câmara Municipal o requerimento para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI para investigar as acusações feitas pelo ex-secretário municipal Júlio César Doze, sobre possíveis irregularidades no Executivo municipal de Cerro Grande do Sul.

O documento que está assinado por sete dos nove vereadores ainda não foi lido em plenário, apenas apresentado, portanto seu conteúdo com os objetos da investigação não é de conhecimento público. A tramitação segue na Casa de Leis e para que a CPI seja aberta a matéria precisa ser discutida e aprovada em plenário.

Ainda pela manhã da segunda-feira (29) o prefeito Gilmar João Alba,  o Gringo, recebeu o Portal ClicR em seu gabinete na prefeitura municipal, onde pela primeira vez falou à imprensa sobre os fatos.

“Eu até agora estou surpreso pela atitude do secretário porque ele sabe que eu sempre o defendi em todas as ocasiões e em todos os momentos dentro de Cerro Grande do Sul. Um monte de gente dizia que o prefeito era ele e não eu[…] fui segurando tudo, tudo, até o momento de ele chegar a me intimar a botar quatro pessoas pra rua ou[…] Aí eu virei as costas pra ele e saí”, resumiu Gringo.

O prefeito disse que foi informado pelo setor de Recursos Humanos (RH) da prefeitura sobre o pedido de demissão de Doze, mas ignorou no primeiro dia tentando entender a situação. Já no segundo dia, segundo Gringo, o ex-secretário o bloqueou no telefone e os dois não mantiveram mais contato, quando então ele decidiu atender ao pedido de demissão e assinar a exoneração.

Questionado sobre as possíveis irregularidades apontadas pelo ex-secretário nas finanças municipais e o suposto “sumiço” de R$ 2 milhões do caixa livre da prefeitura, Gringo garante que não há nenhuma transação irregular, e sim ajustes necessários para honrar compromissos.

Assessorado pela sua equipe de gestão o prefeito explicou que a prefeitura enfrentou dificuldades em prestar contas no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope) relativas ao exercício de 2021, o que teria ocasionado o bloqueio de repasses de recursos do Governo Federal relativos ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e que por isso foi necessário utilizar recursos do caixa livre para fazer pagamentos, inclusive aos servidores, nos meses de janeiro, fevereiro e março.

“Essa diferença que ele tá dizendo que tinha ou não tinha no livre da prefeitura, na verdade tem a mais[…] O que acontece é esse problema na plataforma do governo federal que mais de 20 municípios estão enfrentando e que de repente vamos ter que ir a Brasília resolver[…] É um crédito trancado de mais de um milhão e seiscentos mil reais[…] se nós não tivéssemos feito economia o suficiente como a gente fez, poderia até faltar dinheiro pra pagar a folha. Hoje, se liberar esse dinheiro, chega perto de R$ 6 milhões o que temos no caixa livre. E isso podemos provar”, garantiu o prefeito.

Sobre a CPI protocolada no Legislativo para investigar as denúncias o prefeito garante que apoia a instauração e que inclusive pediu que ela acontecesse.

“Eu convoquei os vereadores de oposição aqui[…] disse que as portas da prefeitura estão abertas pra tudo o que eles quiserem ver. Porque pra mim, eu confiava tanto na assinatura dele [Doze] que é até bom agora. Porque quem era o responsável por tudo nestes um ano e dois meses aí, era o sargento [Doze], mas é bom que os vereadores verifiquem tudo isso. Eu pedi. Eu disse pros meus vereadores e pros vereadores da oposição que tem que abrir a CPI sim e apurar tudo o que ele [Doze] está dizendo”, mencionou.

Sobre as supostas ameaças que o ex-secretário afirmou ter sofrido, Gringo garante que nunca as fez.

“Ele divulgou várias coisas inclusive de perseguição. Eu até saí da cidade. Nunca ameacei ninguém. Nunca vou ameaçar ninguém. Ele me conhece bem[…] eu só comuniquei que estava me retirando da cidade porque chegou nos meus ouvidos que ele estava armado[…] eu conheço o sargento e me conheço. O nosso encontro não ia ser muito bom. Entendeu? Então eu tinha um tratamento de saúde pra fazer e aproveitei estes três dias pra fazer meus exames fora da cidade” disse o prefeito.

Gringo foi questionado sobre como encarava o fato de Doze o ter orientado em entrevista para que ficasse quieto em troca de manter seu segredo intacto. O administrador reagiu como se a afirmação do ex-secretário seja um blefe e desafiou que tal verdade seja  dita.

“Segredo? Pssiuu como ele faz? Eu não tenho. Sou um homem que já foi investigado pela Polícia Federal, Receita Federal, Alexandre de Moraes [Ministro do STF] e Ministério Público.  Todos me investigaram já. Não tem motivo de eu ter segredo. Não existe completamente nada. Se ele quer abrir que abra”, disse Gringo e completou se dirigindo ao ex-secretário: “Sargento, se tu tiver algum segredo que possa me ajudar ou prejudicar, fala”.

Gringo ainda justificou sua escolha em manter os secretários, José Antônio França Pedroso, Leandro Guedes, Geci Nara Souza Silveira e o assessor jurídico Flavio Cristiano Andreis, afirmando confiar na competência de cada um no desempenho de suas funções, todavia por repetidas vezes afirmou que não falaria mal do ex-secretário Júlio César Figueiredo Doze.

“Estou triste com ele por estas manifestações e ele deve saber o que eu estou sentindo. Um homem que pra mim iria resolver todos os problemas de Cerro Grande do Sul. Alguém em quem depositei toda a minha confiança”, lamentou.

Por outro lado, o prefeito rebate as acusações e devolve a responsabilidade dos atos administrativos ao ex-secretário e suas decisões enquanto integrante do governo.

“O trabalho dele até então eu sempre ia aprovando tudo. Se existe alguma coisa de errado é por esta confiança que depositei completamente nele. Por isso sou a favor dessa CPI. Que daí me tranquiliza. Se tem alguma coisa errada que apareça logo que foi no comando dele. E daqui pra frente agora é o outro pessoal que vai tocar” concluiu.

Questionado sobre os supostos favorecimentos em contratos e irregularidades que deixaram de ser corrigidas o prefeito se defendeu dizendo que não assinou nenhum contrato com as empresas citadas pelo ex-secretário, a não ser com os médicos, orientado pelo próprio Doze. Completou dizendo que a morosidade na averiguação de possíveis irregularidades é fruto da maneira áspera com que Doze abordava os funcionários públicos ao solicitar documentos e outros serviços.

“O defeito do sargento é o modo de abordar as pessoas e que estava assustando todos os funcionários públicos. Eu nem sei quantas pessoas que vinham me falar isso e eu ficava quieto. Eu dizia pra ele: menos sargento, vai devagar, não faz assim[…] quanto mais brabo tu for mais vai atrasar. E daí não conseguia atingir o objetivo dele”, pondera Gringo.

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Cicero Omar da Silva
Cicero Omar da Silva
Chefe de Redação e Departamento de Vendas Portal ClicR e jornal Regional Cel/Whats: 51 99668.4901

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